"Mensagem direta, escrita por sabe lá quais forças, psicografada do além de minha cabeça torta, meus intestinos soltos e de minha febre intragável. Teclo de alturas que nem imagino, suspenso por cordas de um padre maluco que resolveu me benzer do alto a gás hélio e eivado de simpática fonte de nuvens de Pequim em épocas de pesquisas de IBOPE e tarefas nada românticas no alto dos morros de ventos cantantes e estúpidos.
Venho por meio desta missiva dizer que sou a favor da demolição do Redentor Nacional, este ícone popular e fajuto como nossa nação. Deixe o morro aos índios, que de terras são herdeiros afinal, são os donos de 15% do território, por quê não do morro? Afinal, iam fazer melhor uso. Sim, iam abolir o tráfico e instituir a dança da chuva que ia lavar a alma da capital do Império Petista, isto é, o Rio de janeiro e seu Terceiro Mandato. A água ia descer dos morros cantantes cheia de cuícas e rojões e rajadas de redenção à nossa alma envergonhada, ia descer as esquinas da malandragem e entupir a Linha Vermelha, a Branca, a Amarela e a Mameluca.
Ia entupir a boca de lobo de nossa Nação de Mentira.
Sabe-se lá porque, está na moda desancar a autoridade, afinal nada se respeita nete rincão sulino, então às favas com a Lei magna. Abaixo o ícone da cultura, o padre de batina e balão bufão a voar nas alturas quase que da menina caída, da amesquinhada infância de nossa pudica pátria de joelhos. Nada adianta achar petróleo, vai tudo ralo abaixo no preencher o cheque de nossa iniquidade social, para pagar a dívida do roqueiro com o tráfico, para o censo de nossa grana falsa.
Eu penso que como sei o que sei, devo sumir nas entranhas do poder medonho mas saio da baleia mais ferido e risonho, consciente de nosso papel periférico. Riqueza mesmo é o que ostentamos, valor mesmo se dá ao carro perfeito, à roupa de grife, nada mais do que um verniz de culturazinha, um ah e um ohh! Que obra perfeita!
--Realismo socialista?
--Não, meu bem, Cristo coberto de lixo.
Ah utopia de crápulas, espelhada em modelos que mal me dão náusea.
Quem pode me contradizer? Quem vai dizer que o que digo é falso? Não quero formar opiniões, mas contrariá-las. Quero me contrapor ao falso oficialismo da felicidade de cócoras. De quatro. Quero me levantar contra as múmias que nos habitam, quero me fazer meio que um parafraseador de quinas de imóveis baratos, cheio de frases de efeito, medonhas:
--Aqui jaz a virgindade de Virgínia.
--Meleca mole moleca mela cola.
--Mulher é como alça...