Meu tio Josias (Jusa), foi convidado para ser padrinho de uma criança que ia ser batizada, filha de um amigo particular e querido. Aceitou com satisfação, e decidiu dar de presente uma boa soma em dinheiro para que os pais guardassem em uma poupança a ser resgatada em tempo conveniente.
Arrumou-se elegantemente, já que o batizado seria em uma Igreja famosa. Juntou a esposa, os filhos, tomaram o avião para o Rio e foram até a Igreja onde seria o ofício.
Chegando lá, o padre reuniu os presentes para fazer uma preleção, parte do rito do batismo naquela época. Ao terminar essa parte, chamou o pai da criança e perguntou se todos os padrinhos eram católicos batizados também. O pai disse que havia um casal protestante, ao que o padre censurou dizendo que, de acordo com as regras, não poderia haver padrinhos de outra religião.
Estava criado o impasse. Como avisar a meu tio, sabendo que ele havia se deslocado de Belo Horizonte para o Rio apenas para ser o padrinho? Conversa vai, conversa vem, e o padre renitente. Não... Não poderia permitir. Afinal, regras são para serem cumpridas!
Diante da negativa não houve outra solução a não ser avisar ao convidado... Extremamente desapontado, o amigo teve de dar a notícia e pedir mil desculpas.
Meu tio, como era da linha irônica e divertida, pediu licença para conversar a sós com o padre. Foram os dois para a sacristia e meu tio, muito jeitoso, conversou longamente com o pároco, que insistia em dizer que não poderia fazer o batizado. Em dado momento ele viu que teria de “apelar” e perguntou:
-E se eu fizer uma oferta polpuda para a Igreja e sua Ação Social?
O padre ficou balançado... Mas arrazoou que seria muito estranho sair de lá e desdizer o que havia ordenado. Argutamente, tio Jusa pediu que o padre pensasse em uma solução viável para contornar esse mal estar. O padre pensou um pouco e decidiu:
- Façamos o seguinte: padrinho o senhor não poderá ser... Mas, pode ser representante de um santo que será nomeado padrinho oficial!
E escolheu um santo.
Meu tio acertou com ele a “oferta”, deram o caso por resolvido, saíram da sacristia, avisaram a decisão e procederam o batismo.
Na festa que se seguiu, meu tio, ao entregar o presente do afilhado, jocosamente avisou:
-Olha... Eu ia dar dois contos de réis de presente... Isso se eu fosse o padrinho!... Mas como fui somente o representante, vou “meiar” com o santo... Dou um conto de réis e...