Se existe uma coisa que aprendi muito bem foi a não participar de fofocas. Na verdade as pessoas, em geral, vêem o que desejam que seja e não o que é realmente. O olhar do maledicente não consegue a isenção necessária para enxergar o fato por si só, sem julgamentos superficiais. A Bíblia nos adverte que: ”A boca fala daquilo que está cheio o coração”. O que significa que só teremos um olhar limpo se tivermos uma mente livre de preconceitos e maldades.
Uma coisa que me irrita tremendamente é aquela conversinha maldosa com aparência de boas intenções. Não sou santa, mas existe um limite sobre o que ouvir a respeito de outrem. Dependendo do teor, saio mesmo! Digo que estou atrasada para um compromisso, que tenho hora marcada em algum lugar e me despeço do grupo.
Aprendi com meus pais a ter um olhar magnânimo sobre as “aparentes” situações criadas em torno dos outros. Pensar em todas as possibilidades antes de julgar o acontecimento e, se necessário for, tirar a limpo com a parte interessada ou em questão.
Lembro-me de caso engraçado acontecido com meu pai, Juiz de Direito durante muitos anos na cidade em que resido.
Homem alto, muito aprumado e sério, muitas vezes se via em situações criadas por pessoas conversadeiras e até mesmo interessadas em aproximar-se dele através de recursos pouco louváveis – os tão famosos “puxadores de saco” -!
Uma manhã, ele estava se dirigindo ao Banco do qual era cliente, quando um indivíduo desses se aproximou e o abordou dizendo:
-Doutor Almir... Vim lhe avisar que o fulano de tal está espalhando mentiras a seu respeito!...
Meu pai olhou em torno tentando imaginar uma saída estratégica. E qual não foi o azar dessa pessoa quando avistou o tal fulano passando bem do outro lado da rua, na praça principal da cidade!
Não teve dúvida! Acenou para o pretenso fofoqueiro e o chamou:
-Por favor! O senhor poderia dar uma chegadinha aqui?
Imediatamente foi atendido e a pessoa atravessou a rua de encontro ao meu pai e o falador. Meu pai cumprimentou-o e disse:
_ Fulano, o nosso amigo aqui está me contando que o senhor anda espalhando mentiras a meu respeito!
O homem olhou assustado para o falador e negou veementemente que tivesse cometido essa maldade... O falador tentou argumentar e meu pai, vendo a discussão armada, disse para os dois:
- OLHA... ENQUANTO VOCÊS RESOLVEM O ASSUNTO EU VOU AO BANCO RESOLVER UNS PROBLEMINHAS PARTICULARES!...
E saiu satisfeitíssimo deixando os dois fofoqueiros “quebrando o pau” na rua, enquanto ele se afastava para providenciar o que realmente lhe interessava...