Sempre me esforcei para ter uma atitude razoável no que diz respeito a julgar o comportamento das pessoas. Sou desarmada, não tenho melindres desnecessários e sempre imagino que, em primeira instância, a pessoa possa ter se equivocado ou se expressado mal. Depois é que vou começar a desconfiar que eu possa estar sendo agredida. Dizem que tenho um dos maiores espaços de invasão conhecidos. Realmente, acho que às vezes, espero demais para perder a paciência. Mas prefiro assim. É meu jeito e gosto de ser como sou. Não sou santa, mas ajo com o que me dita a consciência e não me lamento por isso.
Sempre tentei ensinar minhas filhas, desde pequenas, a separar a ação cometida, da pessoa que a cometeu. Nem sempre julgar uma atitude significa condenar o agressor. Muitas vezes a pessoa está com outros problemas que se refletem no seu comportamento geral, e somos alvo de pequenas rusgas sem motivo aparente. Creio ser mais fácil perguntar à pessoa o que está havendo com ela e aí sim, julgar até onde o fato possa ser relevado.
Em geral as pessoas tendem a julgar aparências e ao deixar de saber o contexto, ficam “com-o-texto”, caindo na armadilha do mal entendido desnecessário e se estressando por quinquilharias. Existe também aquele, que já está de “rabo preso” e se irrita por qualquer coisinha que possa significar uma acusação. Em tudo, a moderação ainda é a melhor conselheira.
Quando tomamos uma atitude agressiva em relação ao que ouvimos ou fazemos, temos duas opções: ou pedimos desculpas ou ficamos com raiva por muito tempo e evitamos contato com a pessoa durante o tempo que quisermos. O que pode significar um corte radical. Nem sempre isso é necessário e muitas vezes promovemos discórdia por não saber separar a pessoa da ação.
É preciso da boa vontade de ambas as partes nesse processo, e se assim não for, pelo menos ficamos em paz com a nossa consciência, sabendo que fizemos os nossos 50% de esforço e compreensão, cabíveis em qualquer interação.
Mas o que vou contar excedeu aos 50% do esperado, e, por isso mesmo se tornou interessante e engraçado.
Quando minha filha mais velha tinha cinco anos, demonstrou o que aprendera dessa lição que tentei passar. Contou-me uma amiga que assistiu a cena, que ela estava na rua brincando quando um cachorro começou a latir ameaçando-a.
Ela dizia:
-Pára de latir cachorro!
Mas o cachorro, coitado, só fazia o que sabia fazer. Latir e latir sem parar!
Já cansada da barulheira, ela olhou para o cachorro e disse firmemente:
-CACHORRO! EU GOSTO DE VOCÊ! SÓ NÃO GOSTO QUE VOCÊ FIQUE LATINDO!
Bem nos disse Salomão:
“Ensina o menino em que deve andar, e ainda quando for velho, não se desviará dele...”