Uma amiga de minha mãe – D. Lourdes – contou-nos que, quando era mocinha foi muito cortejada por sua beleza. Realmente... Eu, que a conheci na maturidade, sempre me encantei com sua tez morena e deslumbrantes olhos verde-azulados.
Sempre muito assediada, escolhia a dedo seus namorados e era dona de uma exigência ímpar sobre o que acreditava ser importante para preencher seus sonhos de Cinderela.
Certa vez, apresentou-se um rapaz muito tímido, e talvez já intimidado com aquela que poderia ser “muita areia para o seu caminhãozinho”.
Conheceram-se possivelmente na praça, conversaram como era de praxe naqueles bons tempos da vovó e logo ele foi conhecer a família da amada. Tentou ser o mais educado possível, para não dar nenhuma gafe que prejudicasse o andamento da conquista.
Foi recebido pela família da moça, gente muito alegre e desinibida. Exatamente o oposto do pretenso namorado.
Logo se juntaram todos na sala de estar para conhecer o rapaz e a “sogra” tratou de estourar umas pipocas que seriam servidas com um suco, enquanto as conversas rolavam e, naturalmente, se aproveitava para perguntar mais e mais sobre o candidato...
Sentindo-se encurralado e extremamente nervoso com a “responsabilidade” de não fazer feio diante de tão bela dama, o pobre coitado não sabia se falava, respondia ou comia as pipocas. Talvez com medo de soprar restos da iguaria enquanto era sabatinado, cada vez que passava a peneirada de pipoca, ele tirava apenas uma e a comia rapidamente.
A peneira passou uma vez... A segunda... E na terceira rodada, educadamente, ele recusou a oferta dizendo-se satisfeito.
Suportou, com a maior classe que teve, todo o nervosismo da situação. Só que, ao se despedir da pretendida, já no portão da casa, levou um tremendo “fora”!
Saiu sem entender o motivo e nunca soube o porquê de semelhante atitude tomada.
Mas às amigas, até o fim de sua vida, ela contava e ria:
-DEUS QUE ME LIVRE!... IMAGINE SÓ!... O QUE PODERIA ESPERAR DE UM HOMEM QUE NÃO AGUENTAVA MAIS QUE DUAS PIPOCAS?...