Naqueles bons tempos de antanho, meu pai, como juiz, estava inquirindo um réu sobre uma desavença havida entre ele e sua esposa. O réu era um matuto, da roça mesmo, sem instrução e estava assustado com a pompa e circunstäncia do fórum que, naquele tempo, tinha muito mais aparato de poder do que as salinhas que hoje recebem as partes, na mesma altura que o juiz.
E do alto da sua cátedra, meu pai perguntava ao réu sobre o mérito do acontecido:
-Mas o senhor bateu na sua mulher?
E o réu intimidado respondia:
-Quem é? IEU?
E meu pai:
-É...o senhor mesmo!
Aí ouvia a resposta do sujeito.
E a coisa foi indo assim...Duas horas, calor estafante, e a tudo que era perguntado de maneira pessoal, o matuto perguntava:
-Quem é? IEU?
Aquilo foi cansando meu pai, que queria agilizar o interrogatório, pois havia muitos mais a fazer. Ao perguntar a idade do sujeitinho, pela enésima vez ouviu:
-Quem é? IEU?
Impaciente meu pai atalhou:
-Não senhor...Não é o senhor não! Sou eu!
O inquirido olhou para ele, semicerrou os olhos como que pensando e depois de tirar uma vista de cima a baixo, respondeu:
-O senhor? Ah ...
DO ALTO DA SUA "FILUSUSTRIA" O SENHOR DEVE TER UNS ÓITENTA!