Nos velhos tempos, tempo dos caixeiros-viajantes, que de trem iam de cidade em cidade, acontecia histórias divertidas e curiosas.
Num hotelzinho de última categoria, que ficava em frente a estação da estrada de ferro, numa cidade da Noroeste, um desses viajantes, desembarcou no último trem que passava na cidade, e ao se hospedar, foi informado que, só tinha uma vaga. Era uma cama de casal e, um dos lados já estava ocupado por outro caixeiro.
— Não tem importância, resmungou o pobre homem. Já estou acostumado!
— Mas cuidado disse o porteiro do hotel. O cara tem um mau hálito do caralho!
E, lá foi o condenado passar mais uma noite de sofrimentos.
Mas, ao tirar os sapatos e as meias, até os ratos e as baratas que passeavam tranqüilamente pelo cômodo desapareceram.
O cheiro de chulé era tão forte, que acordou o outro hospede.
Sonolento, resolveu não falar nada. Mas pensou – “quando o filho da puta dormir vou jogar essas merdas fora”.
Não deu outra!
Assim que o do chulé dormiu, o cara do fedor na boca, saiu da cama sem fazer barulho. Tampou o nariz com os dedos, e atirou as fedorentas meias pela janela, que dava para a rua.
Coitado de quem passar na calçada! Pensou o vingativo colega de quarto.
O primeiro a se levantar para continuar a viagem foi o do chulé.
Procurou por todo o quarto as suas queridas meias, e desesperado, pois estava atrasado, deu uma sacudida no boca suja, que estava dormindo.
— Porra! O que você quer seu merda? Gritou o mau hálito com o rosto colado ao rosto do homem da meia.
— Caralho! Disse o cara do chulé dando um pulo para trás. – Você comeu minhas meias!?
MUR
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