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Humor-->A Matemática do Amor -- 15/11/2008 - 19:27 (Fernando Werneck Magalhães) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Apresento agora, com toda a solenidade que a praxe requer, uma “fabulosa” teoria. Mas, antes mesmo de disseminá-la, devo confessar que tremo nas bases, vez que temo – por motivo epidemiológico, ou, mais especificamente, por contaminação espacial – seja a mesma considerada dúbia pelos Acadêmicos do Salgueiro.

E bons motivos tenho para tal, pois estes cientistas, ontem mesmo reunidos em assembléia extraordinária convocada para examiná-la, consideraram-na – tanto na melhor como na pior hipótese (quais?) - uma tese controversa, o que, convenhamos, não me derruba, pois encerrei cedo a minha ilustríssima carreira de sambista.

Agora, se ela irá ou não conduzir seus adeptos à mítica “síntese sintética” - obsessivamente buscada por matemáticos, médicos e juristas -, disso não faço a menor idéia. Minha modéstia monástica não permite, de fato, que ela vá além de mera hipótese de trabalho. Por isso, afirmo, do alto da minha escada de cinco degraus: quem quiser, que apresente outra, pretensamente mais científica. E nisso vai um desafio aos economistas de Chicago!

Para encurtar conversa, eis a minha formulação do amor: um (agradável) jogo de soma zero, em que o agente perde por vontade própria. Ou seja, o amor é um ato de perda voluntária (não urinária, claro), de doação e solidariedade por parte de quem acha que tem o que dar a outrem – seja porque lhe sobre algo de bom ou porque essa sobra seja fruto da própria relação amorosa. Resultado – voluntário ou não -: ele acaba contribuindo para melhorar a droga deste mundo!

E reproduzi-lo – mas sem abrir mão do seu próprio instintivo interesse em sobreviver da melhor maneira possível e pelo maior tempo possível. Objetivos esses nem sempre conciliáveis, o que gerou o termo inglês “trade-off” – que não consigo traduzir por falta de dicionário de Economia que preste.

Mas, colocando a reprodução no meio (ou um meio na reprodução do outro), aí a coisa já fica muito mais complicada e cara, pois nesse caso inclui sexo. O que merece um catálogo a parte. De qualquer forma, continuo a acreditar (até prova em contrário, crente que estou, mas não sou) que esta simplérrima formulação matemática economize, já no século entrante, vários séculos passados gastos com poesia lírica, épica, filosófica e teológica.

E aqui omito, por falso pudor, a de conteúdo erótico (à la Hilda Hirst, que não li, porque não gostei – o que constitui prova insustentável da minha inatacável postura acadêmica, que aliás exibi, desavergonhadamente, no 1º. parágrafo desta). E, em assim fazendo, economizo, de lambuja, toneladas de papel. E árvores também, ambientalista fanático na linha do Bush, que sempre fui.

Ora, ora, pois, pois. Se desejamos um melhor futuro para nossos netos – como Keynes, que não os teve –, temos (estilo não é a minha praia!) de incluir preocupações ambientais no nosso modelo. Segundo os últimos cálculos (ignoro se efetuados, magistralmente, por advogados ou assistentes sociais), um eucalipto adulto rende 50 quilos de papel de imprensa. E, neobudista que fiquei (no bom sentido) depois do último tsunami na Ásia e na minha “roupa”, faço passeata desde criancinha em favor da menor agressão possível ao meio ambiente.

E agora volto à matemática. Como tenho explicado à exaustão aos transeuntes (com quem não transo, convém esclarecer, por motivos pedestres), o maior objetivo na vida de um ser civilizado deveria ser evitar cair num jogo de soma zero. Nesse tipo de armadilha, +1-1= 0, sem possibilidade de tergiversação.

Ou seja, nele só se pode ganhar ou perder. Mas acontece que o ganho sempre se dá às custas de perda para os demais. Simetricamente, quem perde está sempre contribuindo para a (boa) fortuna do próximo.

Ou seja de novo, a distribuição de renda provavelmente piora (com o coeficiente de Gini aproximando-se perversamente da unidade – caso em que a distribuição é a mais concentrada possível). O que só se justifica eticamente se os perdedores forem, na média, mais ricos que os ganhadores.

De fato, esse resultado ocorre, creio, em qualquer tipo de jogo. Razão pela qual eu sou a favor de sua proibição. O exemplo mais claro (e, portanto, óbvio, ainda que não seja unânime) desses efeitos é o da megasena acumulada. Afinal, quem não quer tornar-se, de repente e sem fazer força, um ricaço? Só se for um paranóico receoso de seqüestro-relâmpago!

Mas, se algum dia a minha proposta prevalecer, o que será dos milhões de brasileiros cuja esperança de melhora em suas condições de vida já foi pelo bueiro adentro e abaixo? Apague-se a esperança deles? E aumente-se o risco de anomia social, trambiques, violência em geral, roubo, assassinato etc.? Eis porque tenho bons motivos para desconfiar de mim mesmo, ou melhor, de minhas arraigadas convicções. E da dos outros também!











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