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Humor-->Por motivo de força maior -- 20/11/2008 - 08:47 (Fernando Werneck Magalhães) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Diz-se que é sobrevivendo no seio dessa instituição complicadíssima (senão altamente neurótica, segundo se aprende nos cursos de neuropsiquiatria, psicobiologia, psiquiatria dos psiquiatras, neurociência, budologia e afins), apelidada de família, que se aprende a ser educado, polido, político, diplomático, mentiroso, falso – e, principalmente, pontual!

Meu pai contava dois anos a menos que os 94 de ontem à noite, quando realizei o feito de extrair sua última risada – o que não é pouco! Com o insistente e persistente propósito de estimular o seu interesse e memória, cada vez que cruzava com ele ao telefone – eu, confinado pelas bruxas em Brasília, e ele ao “ameno” clima do Riô de Janeirô –, propunha-lhe uma estória, sempre com um toque de humor ou um conteúdo existencial que lhe elevasse o astral.

Meu sucesso se deveu, num dia que já se tornou incerto, a uma sábia declaração, que irresponsavelmente atribuí às belas coxas de Marilyn Monroe – e como elas falavam! Criticada pela sua falta de pontualidade, defendeu-se ela com a seguinte jóia do pensamento neoliberal: “Eu chego sempre no dia certo. Só erro a hora.” Vê-se que errou de profissão – deveria ter feito vestibular para humorista de TV. E de nacionalidade – ainda maior sucesso faria aqui!

Ora, com papai foi sempre a mesma coisa. Isto é, lembro até de, certa vez, ter-me garantido ele, de pés juntos, que nunca havia perdido uma oportunidade na vida por motivo de atraso. Para almoçar, por exemplo, ele normalmente aparecia em casa lá pelas três horas da tarde. Foi assim que, em pouco tempo, mamãe ficou careca da vida!

Ora, porque comigo quase tudo costuma sair às avessas, essa foi uma lição, entre tantas outras que ignorei (afora as de mamãe, que me passaram, sem pegar, de raspão!). Ou seja, acho que posso considerar-me um sujeito pontualíssimo! Faço parte da estranha tribo tupiniquim que chega não 15 minutos atrasado, mas, sim, igual período adiantado. O que, reconheço, é altamente constrangedor para o Lula.

Talvez porque eu teime em não bagunçar a agenda dos outros, assim como não gosto que atrasem a minha – que eu já trouxe cheia da Inglaterra, onde pousei por engano no século passado, e mais congestionada ficou depois que o Risadinha me concedeu imerecida aposentadoria precoce, de que padeço até hoje.

E assim procedem alguns amigos candangos. Quando combinamos um almoço, eles aparecem ou não – sempre por motivo de força maior (o que não é surpresa, pois realmente este país é imprevisível daqui a duas horas)! Quando chegam, o fazem com uma ou cinco horas de atraso – dentro da faixa de normalidade, certo?

Mas, descoberta a manha após as primeiras decepções, fica fácil resolver a questão. Basta que se convidem outras pessoas para o mesmo evento ou então que se leve um bom livro – sugiro o do Millôr - para se ler durante a agradável espera.

E, passada a primeira meia hora, que se inicie o banquete vegetariano, pois ninguém é de ferro, principalmente quem curte hérnia de hiato (vendo a minha de graça!) e foi, portanto, intimado pelo seu severo gastroenterologista nissei a comer (comida) de três em três horas – sem atraso!

Na dúvida e dada a paramétrica hérnia de estimação, com freqüência almoço só, a não ser quando as minhas lautas refeições são programadas com antecedência milenar ou algum parente e/ou amigo se perde em Brasília e acaba aparecendo na porta do meu “apertamento” – o que ocorre com regularidade britânica uma vez a cada quinze anos. O que é uma pena, especialmente para gente pontual e gregária como eu!


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