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Humor-->O livresco do aniversário -- 27/11/2008 - 16:33 (Fernando Werneck Magalhães) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Circunstâncias da vida – vez que pega mal sair por aí fantasiado de Fantasminha Pluff – impediram-me de marcar presença no aniversário de 89 anos de papai (hoje com 94), que se realizou na ex-imperial cidade do Rio de Janeiro. Mais concretamente, uma gripe pegou-me de mau jeito – apesar do meu aspecto corado e saradão –, aplicou-me uma rasteira, deu-me uma bela surra e atirou-me na cama para apressar a minha recuperação.

Tive, portanto, de limitar-me a agradecer o meu genitor ao telefone por ter-me gerado (imagino que ele fê-lo da forma mais anacrônica possível). Fi-lo ao final do dia (e, ao fazê-lo, revelei toda a minha transbordante admiração literária pelo Quadros (Jânio, o político), recebendo em troca uma grata surpresa. À minha indagação trivial sobre como havia passado aquele dia, que se encontrava em processo final de evaporação, respondeu-me ele com entusiasmo juvenil:

- Da melhor maneira possível, filho – lendo um livro! (Ainda hei de passar essa ”cola” para um publicitário amigo, que, cansado de meditar ao cerrado, decidiu volver às praias do litoral norte paulista e seus gigantescos, digo, dantescos engarrafamentos).

Com efeito, papai recém finalizara a leitura de “Lolita”, de Nabukov (o que me deixou meio preocupado do ponto de vista cristão) e se empenhava, então, na Zélia Gattai (explico: em sua obra, a literária). E de muito mais tratamos, pois papai mantinha incólume seu interesse pelos familiares, pelo Brasil e pelo mundo. De fato, a nossa conversação pôde se beneficiar do fato de que a comemoração propriamente dita do seu aniversário se daria somente no dia seguinte – um domingo como vários outros que o precederam –, não havendo, assim, visitantes a disputar comigo a sua preciosa atenção.

O que eu (se não eu, quem seria?) gostaria de destacar é que realmente fiquei pleonasticamente bem impressionado com o seu coeficiente de animação. (Aqui, abro e fecho parênteses para fornecer um longo esclarecimento sobre o pleonasmo, que eu, o próprio, considero supérfluo, como aliás quase tudo que escrevo. Pois o inglês – não o idioma, mas o indivíduo, quer o consideremos na sua sacrosanta individualidade, quer seja relegado a um grupo qualquer – sempre fica bem impressionado com aquilo que o impressiona!).

Também fiquei satisfeito em saber que esse otimista estado de ânimo perdurou até o dia da festinha. Com efeito, papai dispôs-se até a reviver os velhos tempos, oferecendo aos convivas, como brinde, um pequeno discurso – uma pálida amostra dos seus dotes retóricos de antanho.

Discurso esse que ele finalizou de forma inspirada, à la Brizola, convidando – já (digo, então) – todos os presentes a comparecerem, no ano seguinte, à comemoração dos seus 90 anos, quando ele decidiu que se apresentaria em idêntica boa forma – física e mental! Que assim fosse, como realmente foi, mas, infelizmente, não é mais! Oremus!


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