Um tempo atrás, ganhei o dia lendo, na revista Veja, uma entrevista do biólogo norte-americano Edward Wilson. Então com 76 anos, mas ainda contribuindo para o futuro da humanidade, a partir de sua base na Universidade de Harvard, fazia ele inúmeras afirmações que antecipavam a publicação do seu último, senão penúltimo, livro – “A Criação”, que já deve estar na praça, suponho.
A inteligente proposta dele que mais impresssionou a minha ignorância foi a de que “Religiosos e cientistas deveriam ter um objetivo comum: defender a natureza, porque dela depende a criação humana.” Embora se coloque totalmente do lado da ciência, reconhece ele que esta e a religião “são as duas forças mais poderosas do mundo” e que, para ambas, a natureza é sagrada.
Do ponto de vista político-diplomático-sapiencial, a sua colocação é perfeita. Lembra-me um ditado oriental que, sem deixar de devidamente louvar o mérito analítico dos estudiosos – empenhados em identificar as diferenças entre distintas opiniões e conclusões –, valoriza sobremaneira a capacidade de se encontrar um terreno comum entre elas. E é exatamente isso que o prof. Wilson propõe. Viva ele antes que nós!
Implicação: não se pode relegar a segundo plano o longo prazo, isto é, o cuidado com a continuidade da espécie humana. Aproveito (indevidamente) a oportunidade para prestar o meu respeito antropológico à maternidade, a que os brasileiros (não sei se também o resto do mundo) dedicaram um dia desses.
Aproveito, também, para citar um dito, ditado ou provérbio – que não sei se é judaico, cristão, universal ou incréu –, segundo o qual Deus, por não poder estar em toda parte o tempo todo (e, nesse caso, não seria onipresente!), criou, para substituí-Lo, as mães. O seu teor contém, na minha prosaica visão, poesia de elevado quilate.
Por essa razão, eu não poderia deixar de reproduzir aqui parte de um poema do nosso Mário Quitana, que entrou pela janela do meu carro quando, certa vez, fui apreciar a bela vegetação do Country Club de Brasília. Segundo ele, Tu, mãe,
“Que és do tamanho do céu
E apenas menor que Deus!”
Como, além de incréu, sou ignorante, modestamente discordo das palavras do poeta – minha opinião é de as mães são maiores – e não menores – do que Deus. Razão pela qual sempre vi beleza e dignidade no barrigão das mulheres grávidas – e não menos nos piercings com que as hodiernas jovens enfeitam, com justo orgulho, o seu umbigo, que, espero, esteja limpinho e cheiroso!!