No supermercado, enquanto o casal jovem fazia compras, Moacir corria atrás do neto de dois anos, não mais que isso. Dois anos de pura virilidade, energia de sobra para concorrer com as trôpegas pernas do avô de 70.
A jovem mãe empurrava um carrinho abarrotado de compras. Suas costas seminuas exibiam enorme tatuagem e a voz autoritária, revelava quem dava as ordens... O marido com brinco nas orelhas, trazia também uma aliança no dedo e outra traspassando o nariz. Malhado, musculoso, parecia mais um boi carreiro ou um búfalo manso, daqueles que se põe o cabresto através de uma argola introduzida na venta.
O menino caiu, a mãe que já se aproximava do caixa, gritou: “Você deixou o menino cair? Deixou o menino cair seu Moacir!
Moacir nada respondeu. Talvez estivesse sendo pago para olhar filho dos outros. Bem feito, merecia ser xingado e quem sabe, castigado com um desconto no salário... Mas a coisa não era bem assim. Depois de passar todos os produtos pelo leitor ótico do equipamento de caixa, percebeu-se que o velho tinha outra serventia: