Meu sobrinho Marcelo mostrou-se, desde cedo, interessado em assuntos políticos, história de países orientais, e tudo que fugisse do considerado “normal” para a maioria das pessoas. Curioso e sagaz, foi o único aluno de japonês na nossa cidade. Inteligente, sabe, literalmente, tudo sobre história oriental e o que possa estar ligado à cultura dos povos asiáticos. Meu irmão cansou de “puxar os próprios cabelos” para o que ele considerava excentridade do meu sobrinho. Hoje, um bem centrado rapaz, estuda História na UFMG.
Apesar da precocidade em assuntos sociais, ele foi um menino como os outros, e assíduo ouvinte das famosas estórias de minha mãe, que tentava burlar sua insistência em continuar acordado depois de certa hora da noite.
Tanto para ele quanto para o Flávio, seu irmão, minha mãe contava suas lendas e finalizava com o seguinte mote:
-Então o presidente Collor -(na época o governante)- mandou cantar o hino nacional!
Punha-se a entoar o hino enquanto os meninos se ajeitavam mecanicamente para adormecer, sabendo que, dali em diante, nada mais sairia senão o dito Hino. Entretanto, em determinado dia, já cansada de tentar fazê-los dormir, ela se esqueceu de que o presidente havia sido deposto. Ao verificar que os meninos já estavam fechando os olhos de sono, partiu para a finalização do processo repetindo o mote de sempre:
-Então o presidente Collor mandou cantar o Hino Nacional!
Já quase dormindo Marcelo percebeu o erro e, imediatamente antes de cair em sono profundo, corrigiu:
-VÓ! AGORA O PRESIDENTE É O ITAMAR!
E adormeceu.....