Meu amigo Abraão dizia que estórias contadas de judeus sovinas e avarentos é pura invenção, tais como as de portugueses burros.
Mudou-se de bairro e somente nos encontramos uns dez anos depois.
Como de praxe, aquelas perguntas: casou? filhos?, etc.
-Casei, lógico, com Sarah. Só entrei com o pinto, pois o pai dela, por tradição judaica, patrocinou tudo, apartamento, mobiliário, festa e tudo o mais. Filhos ainda não temos, pois dão muita despesa, e se vierem somente meninas? Meu pai quase não dorme por causa dessa tradição, pois tem quatro filhas solteiras.
-Para mexermos com ele, perguntamos: é verdade o que nos contaram, que vc anda comendo a vizinha do apartamento ao lado?
-Mentira, mentira! Amante dá muita despesa e ainda por cima ela é argentina, que dizem serem as mais caras. E chega de papo, deixa eu voltar para a lojinha porque Sarah pode se enganar no troco.
Realmente que injustiça com os judeus!
