Minha filha e meu genro têm o hábito de sempre explicar ao filho (meu neto Caio) todas as questões que envolvem qualquer acontecimento do qual ele terá que participar. Tratam de tranqüilizá-lo em todas as situações, mantendo-o informado do que poderá esperar nos mais diversos momentos. Dentro do possível, essa estratégia tem dado certo, pois tem se mostrado um menino calmo e confiante. Sabe aguardar a vez, conter-se diante de uma gôndola de brinquedos, e comporta-se adequadamente quando acompanha os pais em uma visita.
Foi dessa forma preparado para sua primeira viagem de avião, quando foi visitar a Disney na Flórida. Foi-lhe explicado o melhor possível sobre a viagem e ele embarcou alegremente para a aventura... Estava com pouco mais de três anos.
A viagem transcorria normalmente, o avião cheio, muitos se dirigindo ao mesmo destino. Entretanto, depois de algumas horas de vôo, o avião entrou em uma zona de instabilidade e começou a trepidar. Caio perguntou à mãe sobre o porquê do balanço e ela disse que poderia ficar tranqüilo, pois, como já havia dito, isso poderia acontecer. Ele tratou de esquecer o assunto e continuou entretido com as revistinhas de colorir e alguns brindes oferecidos pela companhia aérea.
Pouco à frente o avião pegou uma zona de vácuo e sofreu uma queda de altitude instalando um clima de pânico entre os viajantes. O lanche servido voou pelos ares, as pessoas se assustaram, houve quem gritasse, as bebidas caíram sobre os passageiros e pelos corredores, e muita gente chegou a passar mal.
Minha filha e meu genro “colaram” um sorriso na face tentando não passar para o filho o possível trauma do momento. Ele olhava tudo aquilo sem entender o sorriso “tranqüilo” dos pais em comparação à gritaria dos demais. Mas permaneceu em observação, aparentemente sem se afligir. Assistiu calmamente o trabalho das aeromoças em colocar ordem no caos que se formou, enquanto asseguravam a todos que o avião estava em total segurança.
Levou um bom tempo para restabelecer a confiança dos passageiros. Enquanto isso, meu neto observava com atenção tentando compreender o que estava acontecendo.
Quando o ambiente estava em perfeita ordem - no momento do mais sepulcral silêncio - ele olhou sorridente para os pais e disse bem alto, causando uma risadaria em todos os viajantes: