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Humor-->COBRANÇA INOPORTUNA (17) -- 03/11/2010 - 00:28 (ANGELA FARIA DE PAULA LIMA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
COBRANÇA INOPORTUNA


Assim que houve a falência dos fazendeiros na crise do café em 1930, a vida tranqüila da família de minha mãe acabou. Meu avô adoeceu vindo a falecer, o que dificultou ainda mais a vida de treze irmãos. Minha mãe, a mais nova, estava com nove anos. Os mais velhos foram obrigados a se virar para concluírem seus estudos, e ainda ajudarem os irmãos mais novos a sobreviver. Numa família onde preponderava o sexo feminino, também minhas tias não escaparam dessa responsabilidade. Sem formação específica e em uma sociedade machista e retrógrada, realidade da época, não havia muito que optar.

Cada um se organizou da melhor maneira que pôde para enfrentar a situação caótica que se instalou. Duas das irmãs mais velhas da minha mãe, Mahita e Dinda, saíram em campo viajando pelas cidades do interior de Minas dando aulas particulares de datilografia. Com muito empenho e dedicação conseguiram fazer um acordo com a Remington, grande fabricante de máquinas de escrever. No contrato, elas instalavam as escolas em cada cidade escolhida, desde aluguel do cômodo à captação de alunos e a fábrica mandava as máquinas de escrever. Elas davam as aulas, escolhiam um bom aluno interessado em continuar o negócio. Essa pessoa adquiria as máquinas e ficava com a continuidade do ensino.


Dava um bom retorno, embora a mudança constante de cidade fosse pesada para duas moças na faixa de dezesseis a dezoito anos de idade. Além disso, sem a “proteção” de um homem, mulheres sozinhas eram constantemente assediadas por homens interessados ou “interesseiros”... E uma coisa que sobrava nas mulheres da família de minha mãe era beleza. Sem exceção, eram moças belíssimas, e ainda hoje, revendo fotografias, pasmo com a lindeza e feminilidade de todas elas! Fico imaginando o que deviam ter que enfrentar para se defender das mil e uma situações em que tinham de “manter a categoria” sem se tornarem antipáticas a ponto de perderem seus alunos... Sei que viviam na retaguarda, especialmente atentas e prontas a se defender dos possíveis perigos corridos.

Certa vez, recém chegadas em uma cidade, alugaram uma casa para instalar a escola. Como o imóvel se encontrava fechado há algum tempo, trataram de arrumar uma pessoa para fazer uma limpeza externa tirando o mato que se acumulava no quintal dando um aspecto pouco convidativo ao ambiente. Contrataram um roceiro que trabalhou por ali uns dois dias para colocar tudo limpo e arrumado. Terminado o trabalho, o homem, muito simplório, foi fazer a cobrança do serviço. Bateu à porta, no que foi atendido pela minha tia Mahita, uma das mais belas tias que conheci. Verdadeiro cromo!

Ao abrir a porta para atender, minha tia viu que o homem levantou a mão. Ela interpretou o gesto como um possível ataque. Como estava fazendo limpeza dentro da casa, trazia consigo uma vassoura que prontamente serviu de arma de defesa desferindo várias vassouradas no pobre coitado que saiu correndo e se escondeu.

Ela trancou a porta assustada com o ocorrido. Enquanto isso, o sujeito lá fora tentava entender o que havia acontecido. Ressabiado, voltou até a janela e todo encolhido falou, levantando a mão e mostrando os cinco dedos abertos:

-DONA!... SÃO CINCO MIL RÉIS... A SENHORA ACHOU CARO?.....
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