Já na maturidade, avançando para a temível terceira idade, tive todas as síndromes e crises possíveis e cabíveis a uma pessoa.
Sofri síndrome do pânico, padeci com a síndrome do ninho vazio, passei pela separação conjugal, penei a morte do pai, a doença e morte de um irmão, a doença da mãe (graças a Deus, hoje bem obrigada!), e... Acho que para um texto de humor já está de bom tamanho, não?...
Bom, as conseqüências não poderiam ter sido as melhores também! Fiz análise, procurei conhecer-me melhor para poder sair com sanidade mental de todo esse turbilhão. E “acho” que consegui! Só quem está mais próximo de mim é que poderá confirmar (ou não!) a minha cura! Mesmo assim não ouso perguntar! Sou feliz como estou... Deixe-me na incerteza!...
O caso é que passei por um tempo de questionamento de valores, muito extenso, e, na ânsia de administrar as mudanças “caí de cabeça” na experiência de vivenciar e absorver tudo o mais rapidamente possível. Como a pressa é inimiga da perfeição, é claro que cometi erros incríveis, ataquei quem não devia e nem COMO devia... E nesse item incluí minha mãe...
Certo dia, no auge da irritação, despejei nela todo meu mal estar, disse-lhe poucas e boas, falei tudo o que pretensamente estava engasgado, virei as costas e deixei-a sem tempo de responder nada do que lhe dissera. Como não respondeu no momento, minha mãe sabiamente ficou sem responder depois...
Voltei à minha sessão com o psicanalista, relatei o fato e ele me perguntou:
- Depois do que você disse o que ela respondeu?
Respondi valentemente:
-Nem permiti! Saí e deixei-a sem poder falar nada!
Ele retrucou:
-Pois perdeu a melhor parte... Foi a sua chance de ouvir dela quem realmente você é através do olho alheio, e talvez não encontre outra chance tão preciosa!...
Saí do consultório pensando no que havia escutado, e acabei concluindo que ele estava com a razão. Poderia ter sabido mais de mim mesma, e avançado no processo de auto-conhecimento com maior rapidez.
Tomei uma decisão e resolvi procurar minha mãe, pedir-lhe desculpas, e penitenciar-me a ouvi-la. E foi o que fiz. Voltei atrás, conversei com ela, expliquei a situação e disse que gostaria de ouvi-la e que iria fazer isso respeitosamente. Que ela fosse sincera e franca, pois eu queria realmente aprender mais de mim mesma.
Ela olhou-me brandamente, mas com firmeza, com os olhos miúdos que faz quando pensa e sai com suas “tiradas” e respondeu:
- VOU RESPONDER SIM... MAS ESPERE EU TER AQUELA RAIVA NOVAMENTE!.....
E alguém imagina que depois dessa dei-lhe motivos????