Picos nasceu às margens do rio Guaribas, na antiga fazenda Retiro do
Curralinho,de propriedade da família Borges Leal. O nome vem da situação
geográfica por ser a cidade ladeada de montes picosos. A região atraia
criadores das províncias de Pernambuco e Bahia, interessados nas várzeas
propícias ao surgimento de pastagens nativas, favoráveis à criação de gado...
Ainda no século XVIII, os primeiros moradores fixaram residências entre
as margens do Guaribas e o morro da Romana. Mais tarde, por volta do ano
de 1855, a aglomeração foi elevada à categoria de vila e em 12 de outubro de
1890, desmembrou-se de Oeiras, antiga capital do Piauí. Passando pela BR
316 é possível ver em Picos, a pouco mais de cinco quilômetros da sede
municipal a beleza de duas admiráveis regiões denominadas Buraco Sadio
e Saco Grande.
Naquele ano de 1957, aconteceu que um rapaz do Saco Grande casou-se
com uma moça do Buraco Sadio. O casamento se deu no mês de agosto,
durante a celebração dos festejos da padroeira Nossa Senhora dos Remédios.
Tudo transcorria normalmente, não fosse a dificuldade do padre estrangeiro
em reconhecer a diferença entre uma palavra masculina e uma feminina.
Aparentando nervosismo, tropeçando nas palavras e no gênero, o missionário
conclamava a multidão: “Povo de Picas, cabeça dura! Mulher na frente, homem de
Picas atrás. Mulher de Picas acende o fogo no cacete do marido.”
Aquela tarde que já se fazia noite era destinada à queima dos pecados... Zé não
via a hora de voltar para o distrito e “bobinar” na moça do Buraco Sadio que se
tornara sua esposa. Mas Mariquinha queria esperar pelo sermão do padre...
Cada fiel acendeu uma acha e todos caminharam em procissão pelas ruas, até
o largo da catedral. Ali depositaram as tochas, formando uma grande fogueira.
A hora avançou. Zé e Mariquinha tiverem que dormir na cidade em casa
de parentes.
— Bole hoje não, Zé! Não vê que “tamo” nas casa alheia...
FONTES:
Genealogia e Memória. Sousa Neomísia
Pesquisa com pessoas anônimas
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