A boiada avança rumo ao curral da ferrovia. Lança pedras com os cascos na calçada, e segue apressada para a morte — sorte de boi. Boi-carreiro trabalha feito escravo para o patrão, e quando fica cansado de trabalhar, vai para o corte. Pesado na balança. Cada quilo... E àquilo, ainda se diz que é caro o quilo. Não raro, também se reclama de preço do ovo da galinha. Vá pôr um ovo! A galinha põe dezenas de ovos, e em paga, ganha o milho, e o abraço apertado do galo... O galo nica, beija e bica a cabeça da galinha. Isso é que é carinho! Depois ela vai ao ninho, botar ovo pra chocar. Cria a pintainhada e a defende do gavião. Medroso, o galo se esconde sob as asas da galinha, como muitos maridos. Até Adão se escondeu sua culpa pelo consumo do fruto proibido: ‘ A mulher que me destes, deu-me a comer... ’
*** Adalberto Lima, framento de Estrela que o vento soprou.