CONVERSA DE BOTEQUIM II
Pedro e Paulo, amigos de copo há já muito tempo, discutiam política partidária e expressões populares na porta do bar onde costumam jogar sinuca e molhar a goela de vez em quando e, como de costume, decidiram fazer perguntas um ao outro.
Pedro, que é um sujeito metido a sabichão, perguntou ao Paulo:
- Você sabe o que significa a expressão “casa da mãe joana"?
Paulo, meio desacorçoado, bem mais preocupado em proteger o copo que estava à sua frente, olhou para um lado e para o outro, coçou a cabeça, mas nada soube responder.
Pedro fez outras perguntas e Paulo tentava, tentava e nada respondia.
Pedro, cansado de jogar sua sabedoria popular fora, decidiu dar sua última cartada:
- Paulo, já que você não soube responder o que é “casa da mãe joana”, por acaso você sabe o que é “casa de noca”?
Paulo, sorriu, pigarreou um pouco, tentando degustar seu último gole de cerveja, arrumou o suspensório e, num tom sarcástico, deu sua resposta:
- Segundo uma definição encontrada no dicionário informal brasileiro, a expressão popular “casa de noca” serve para designar a situação de uma casa que todos mandam, ela não tem dono, nem governança. Em suma, é uma casa bem bagunçada, um pouco parecida com a “casa da mãe joana”.
Pedro, sentindo-se ameaçado com a resposta rápida e detalhada do seu parceiro de copo e não querendo perder ponto naquela disputa amistosa decidiu ir mais além:
- Paulo, você disse que na “casa de noca” “todos mandam e que ela não tem dono, nem governança” mas será que essa situação tem algo a ver com algum momento político partidário que o nosso país atravessou?
Sem parar para respirar, Paulo disse que na hipotética “casa de noca” governamental não há nenhuma correlação de comando que se possa comparar com o que se vive na “casa de noca” tradicional e, em seguida, fez algumas perguntas para o Pedro:
- Pedro, quem você acha que manda na hipotética “casa de noca” governamental?
- Uns já estiveram lá por algum tempo, outros ficaram lá por pouco tempo, outros nem tiveram tempo de comandá-la a contento, mas, afinal, quem é o verdadeiro “responsável” pelo comando dela, na atual conjuntura?
Silêncio total na "plateia" habitual ali presente. Pedro franziu a testa, olhou para o Paulo de forma atravessada, balançou a cabeça de forma negativa e foi embora curtir sua ressaca no aconchego do seu lar.
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