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 A VIÚVA ELEONOR 
Renato Ferraz 
Em mesa de bar tudo se fala, seja lá o que for 
Conversavam dois amigos sobre a viúva Eleonor 
Uma mulher muito bonita e por todos cortejada 
O marido morreu cedo, ela ficou desesperada 
  
Escapou-lhe o sonho de ter filhos daquela união 
Acordava no meio da noite, suada e com sufocação 
O rezador lhe aconselhou nessas horas ela rezar 
Na opinião dos pretendentes, era melhor sair para dançar 
  
Queria muito ter outra pessoa, mas o morto à noite lhe visitava 
Se já era assim sozinha, e com outra pessoa, ela pensando ficava    
Um vizinho sugeriu fazerem uma viagem para poder espairecer 
Poderiam conversar, passear e quem sabe até se entender 
  
Outro viúvo que ouviu falar, a procurou e por ela se apaixonou   
Ela gostou muito do seu jeito e de dar uma resposta ficou  
Se o morto lhe aparecia, imagine os dois viúvos, como iria ser.  
Preferiu esperar um pouco mais até aquilo arrefecer. 
  
Os dias se passavam e aumentava a carência de Eleonor 
Uma mulher charmosa que se sentia injustiçada pelo amor 
Toda noite sonhava com o seu próximo marido 
O pai de seus filhos que seria por ela muito querido 
  
Na cidade todos a sua história conheciam 
Por onde ela passava muitos olhos a viam 
O ouvinte da história quis do outro saber 
Se o defunto à época tinha o costume de beber 
  
É então que aparece no relato o nome de Zé Bonitão 
Um boêmio de boa conversa metido a garanhão 
Soube da viúva e com boa prosa a conseguiu conquistar 
Ele lhe prometeu que aquela perseguição iria acabar 
  
Na primeira noite realmente o morto não apareceu 
Foi uma noite delirante que Eleonor jamais esqueceu 
Bonitão fazia um ritual no escuro e um copo cheio deixava 
A viúva estava surpresa e cada vez mais por ele se apaixonava 
  
Nasceu o primeiro filho e o amor do casal só aumentava 
O morto raramente aparecia, mesmo assim nem perturbava 
Que bom que Zé Bonitão conseguiu se aquietar 
Eleonor se sentia feliz por quê de novo conseguiu amar. 
  
Confessionário, juizado, quartel; tudo é em mesa de bar  
Para se ouvir boas histórias não há melhor lugar 
Ali ninguém é pobre e nem tem medo de assombração  
Por causa da bebida que traz o efeito de descontração 
   
  
  
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