O APELIDO DELE ERA PROBLEMA
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José Penicildo era casado com Maria Bundalina
O casal teve duas filhas, Cacilda e Vulvalina
Penicildo era motorista da empresa Tratoral
Uma prestadora de serviços que transportava sal
O funcionário novato José Penicildo se apresentou à recepção,
avisou que veio trabalhar ali a mando do patrão.
A secretária perguntou ao chefe se ele poderia entrar
e este quis saber seu nome antes de autorizar
Penicildo era motorista experiente de carreta e de caminhão
e sem querer causou logo a primeira confusão.
O chefe mandou perguntar o nome do trabalhador,
a recepcionista respondeu: - É “problema”, doutor!
O homem ficou aborrecido e o mandou dispensar,
ligou para o patrão de “problema” para ele se explicar.
O patrão disse que era Penicilldo o nome do trabalhador,
deveria ter havido algum engano, que conferisse, por favor
E assim foi pedido esclarecimento para então poder aceitar,
o patrão o convenceu que o motorista iria lhe explicar e
que a sua empresa era idônea, ele não iria se arrepender,
Quando o seu funcionário falasse, ele iria compreender
O motorista foi autorizado a entrar e ao chefe se apresentou.
Sorridente, parecia até gostar do apelido, mas tudo explicou
Penicildo, conhecido como problema, tinha 1,95m e 145 kg pesava.
Sua voz era muito fina e era motivo para rir sempre que falava
Tinha 10 anos que naquela mesma empresa trabalhava.
Nunca recebeu punição e seu emprego ele preservava
Falou que preferia não ter aquele nome tão diferente
Que parece qualquer coisa, menos com nome de gente
Quanto a seu apelido de “problema” para ele era indevido
O chefe queria logo saber qual o motivo do seu apelido
Penicildo era negro, com a voz muito fina, sorria e falava.
Era bem-humorado, se não lhe interrompesse a fala, ele não parava
Ria tanto que parecia que era dele próprio que zombava
Sobre sua voz ele contava os causos e rindo comentava
Contou ao chefe que aonde chegava, já havia um problema no lugar,
não era ele quem criava, mas assim resolveram o apelidar
O chefe pediu mais detalhes para ele melhor se explicar
Ele então começou: se a estrada estiver ruim e o carro atolar,
se durante a viagem tem uma greve e a pista está interditada,
acusam que eu sou o problema, mas não posso fazer nada
Na troca de turno, se encontro o carro quebrado
O que eu tenho a ver com o defeito encontrado?
Sempre que há qualquer problema, falam em meu nome
Mas ninguém sente o quanto isso me consome
O senhor não sabe, chefe, mas eu vou logo lhe contar
Eu atrasei uma viagem porque fui em casa me limpar
Quase me dão as contas e eu fico no olho da rua
Passei em frente ao cemitério e atravessou uma alma nua
Os seus colegas diziam que problema morria de medo de alma
E que desde o dia que a viu, que afinou a voz e ficou nessa calma
O senhor tá vendo, que o “pobrema” não sou eu o causador
Eu sou um pobre trabalhador e peço a compreensão do senhor
Realmente ele era simpático, disposto e desenrolado.
e seu tipo, sua voz e o modo de se expressar era muito engraçado
Mas era problema porque tinha pé frio, todo mundo sabia
Apesar de que virou resenha, mas isso em nada o comprometia
Penicldo continuou trabalhando naquela empresa
Sempre sorridente e falante e realizando a sua proeza
O chefe não via problema nenhum, nem tinha o que fazer
Afinal, havia na empresa problemas maiores para se resolver
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