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Humor-->f. Mulher gosta de apanhar ? -- 01/05/2002 - 10:44 (Jactâncio Futrica) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DR. PELÓPODAS RESPONDE

_________________________________________
Quadro diário de perguntas e respostas naTV
* obs: Dr. Pelópodas é médico, filósofo e consultor da revista chamego
_______________________________________________



Consulente_ Dr. Pelópodas, mulher gosta de apanhar?

Doutor_ Muito bem Rodésio, obrigado pela pergunta!.. Digam o que quiserem as ONG’s, as comunicólogas frígidas da TV, o PROCON ou a puta-que-o-pariu, eu vou dizer apenas a verdade aqui e foda-se quem não gostar. O verdadeiro cavalheirismo paira acima de tudo, acima da obstinação dos embusteiros e detratores, pois que detém o primado supremo da exatidão científica e também o sentido de missão que nos dá alento para jamais esmorecermos em nossos ideais.

Qualquer idiota sabe que mulher só funciona na pancada!.. que nem sino de igreja! Digo isto com toda candura; longe de mim ser descortês. Fica apenas a velha e controvertida questão: será que elas gostam?

Mas antes de mais nada eu gostaria de agradecer aqui a nossa telespectadora, a Barata Sonsa da Zona Norte, que nos enviou uma carta com considerações muito justas a respeito do quanto eu sou belo, poderoso, sedutor, luz, amor e compreensão... Obrigado Barata, eu sou mesmo tudo isso que você falou aí e muito mais. Agradeço muito as palavras afetuosas; só que da próxima vez não se esqueça de mencionar também o quanto eu sou excitante e maravilhosamente certo a cada segundo que se passa nesta vida de meu deus... Mas voltemos a sua pergunta, Rodésio.

Como todos nós sabemos, desde as mais remotas civilizações, o homem se comunicava com a cadela, a que hoje nós, civilizados, damos o nome de vadia ordinária, a poder de porradas, pauladas, pedradas ou o que se encontrasse mais ao alcance das mãos. Temos relatos interessantíssimos de nossos antepassados, que nos mostram perfeitamente que a mulher, a cadela vadia, a besta do apocalipse (ou qualquer outro nome que melhor lhe convenha) apanhava porque pedia; pedia porque gostava; gostava porque merecia; merecia porque nasceu pra isto!

Já das priscas eras da Grécia Antiga nos vêm algumas narrativas belíssimas, como aquela que nos deixou o sábio epicurista Proxonomplênedes... Nos conta ele que um dia se encontravam, ele e alguns amigos, nos jardins da casa de Kritoklitóris, esteta refinado e mestre da dialética... Tava rolando um animado churrasquinho, regado a excelente vinho ático. Kritoklitóris se ausenta por dois minutos e depois ressurge subitamente, esbravejando, puxando sua esposa pelos cabelos. Ela estava tentando ouvir as conversas por detrás das sebes e colunas do pátio, e foi flagrada pelo mestre. Como de costume, primeiramente ele a mergulhou de cabeça no chafariz do pátio, mantendo-a ali por alguns minutos; depois chicoteou-a na presença de todos. Ela opunha resistência, ou fingia opor, mas Kritoklitóris era imbatível com um látego na mão. Ele a fazia dançar como uma náiade ensandecida, a seu bel-prazer, arrancando-lhe gritos inacreditáveis com suas guaspadas certeiras... Grande homem era aquele! Aquele sim, sabia como agir. Ele sabia enlouquecer as mulheres!.. E foi nessa ocasião que, depois de muitas rodadas de vinho, surgiu o memorável discurso: “No Fundo Ela Gosta!” _ leitura obrigatória em qualquer curso de filosofia no mundo. Um verdadeiro mergulho na alma feminina!

Cons._ Esses gregos sabiam de tudo!

Dr._ Com certeza! Mas também nossos povos silvícolas são detentores de uma formidável sabedoria quanto às coisas do amor... Temos, aqui no Brasil, um povo que até poucas décadas atrás havia se preservado puro, intacto, isolado no coração da floresta tropical... irmãos do vento, do Sol, da chuva e dos animais silvestres. Várias tribos yanomamis viviam como nômades entre as montanhas da Amazônia brasileira e venezuelana, a salvo das doenças e das mentiras deste grande bordel eletrônico chamado ‘civilização’. O ilustre antropólogo e beatnik, Napoleon Chagnon _ companheirão de zuada! _ nos deu o seu testemunho da sabedoria desta raça de semi-deuses. Ele nos conta, por exemplo, que nenhuma mulher yanomami escapa da brutalidade sistemática de maridos invariavelmente temperamentais e viciados em plantas alucinógenas. Todos os yanomamis maltratam suas esposas, todos! Maridos bondosos apenas machucam ou mutilam; os mais exaltados mutilam e matam. Uma das maneiras prediletas desses arrojados aborígenes castigarem suas cadelas, ou melhor _ perdoem-me _ suas capivaras vadias, é puxar as varetas de taquara que elas usam como brincos, trespassadas nos lóbulos das orelhas. Quando acontece da pele ser rasgada, esses brincos devem ser espetados novamente, só que desta vez na cartilagem dura da orelha _ pois são fundamentais na vida sexual deste povo tão simpático...

Cons._ Mas o que tem a ver brinco com sexo?

Dr._ É que eles atuam como alcinhas super-funcionais na prática do sexo oral.

Cons._ Há! As índias também pagam boquete?!!

Dr._ Cê acha então que é só as meninas da cidade que são as espertinhas...

Cons._ Pode crê... Só não sei se entendi bem uma coisa: eles agridem suas senhoras sem qualquer motivo... a troco de nada?

Dr._ O motivo profundo da coisa é manter acesa a chama do amor _ nada mais. Agora, se o motivo for alguma desavença, aí é que o bicho pega mesmo! Caso a mulher se mostre vagarosa em cumprir alguma ordem do marido, por exemplo, poderá perder as duas orelhas inteiras, ou levar uma flexada na barriga da perna ou na bunda, ou, se o grande macho guerreiro estiver num dia daqueles, ser alvo duma chuvarada mortífera de facões e machadinhas.

Cons._ Deus me livre...

Dr._ Essas feministas cacarejantes num lugar desses se curavam em dois minutos!.. Mas veja bem Rodésio: para este povo ingênuo e íntimo das grandes verdades da natureza, bater em mulher _ com um porrete, via de regra _ é uma coisa bonita... uma forma do homem construir uma boa imagem de si perante a comunidade; de afirmar-se como um cabra acima de qualquer suspeita...

Cons._ Desculpe a pergunta... não sei se tem cabimento... mas... existe homossexualismo entre eles? _ entre os homens...

Dr._ Ai meu deus-do-céu!! Só se for muito! Direto e reto, meu filho!!.. Contudo, através de porradarias rituais generalizadas _ movidas a muita aiuasca e aguardente de cipó brabo _ eles se purgam desses pequenos deslizes do dia a dia. Espancando-se brutalmente uns aos outros, os homens atestam que aquelas brincadeirinhas mateiras de compadre com compadre não tinham nada a ver, e que tudo permanece no seu lugar, graças à misericórdia de Tupã...

É por isso que me orgulho de ter sangue índio correndo em minhas veias!.. Minha alma, meu jeito de ser, de sorrir... o castanho insondável de meus olhos... Tudo isto é tipicamente tremembé!.. E este meu inconformismo?.. Algo tamoyo, eu diria... Decididamente tamoyo!

Cons._ E como o senhor encherga este tema à luz do cenário pós-moderno?

Dr._ Também hoje, Rodésio, em nossa sociedade computadorizada, nós, machões irredutíveis, mantemos a ferro e fogo nossos costumes lendários. Pessoalmente, posso lhe dar o meu testemunho. O negócio comigo é três quati, quatro rabo, entendeu?!.. Assim que vejo uma cadela ordinária, entro logo em ação, desfechando-lhe um ruidoso pontapé no traseiro. Vou logo gritando as ordens do dia e exigindo o devido respeito pela hierarquia do cabra-macho... Logo que me vê rebentando porta adentro de nossa alcova orgiástica, minha mulher já sabe que lá vem chumbo grosso! Mais que depressa ela cai de joelhos e começa a recitar os 300 perdões listados no Breviário da Esposa Antenada... Nesse manualzinho eu dou instruções de como lidar com essas criações abomináveis das trevas. Pois se o verme tem que rastejar, a mulher tem que ir mais além: tem que quebrar todas as barreiras da normalidade e se entregar de corpo, alma e sem-vergonhice a seu amo. Ela deve estar preparada para o insólito e o repugnante! Se se mostrar _ nem que seja um dedo, um pensamento remoto _ atrevida para com a vontade suprema do mestre, ela falhou! Falhou, pois não soube dominar seus baixos instintos de cadela no cio e feriu os sentimentos delicados de seu macho. Esta rameira dissimulada, esta vagabunda insensata, esta buceta falante, esta fantasia esdrúxula da vaidade, esta víbora de satanás deve então pagar... e as penas devem ser extremamente rigorosas!.. A chibata nunca sai de moda, né Rodésio?.. Chicotada de manhã até à noite... com vontade! com pressão! Cê sabe Dedézio, a chibata é uma coisa eterna: passam-se os séculos e os milênios, e lá está a chibata, bonitinha, de prontidão atrás da porta de todo macho que honra as calça que veste. A chibata, assim como a Cruz, é pra nós como que um símbolo sagrado _ o símbolo da firmeza, penosa mas indispensável, no cumprimento do dever!..

Pra se esculpir o tosco bloco de mármore ainda não se inventou nada melhor que o velho e bom cinzel florentino; pra cinzelar a alma de uma mulher e redimi-la de sua perversão natural, ainda não se inventou nada como a chibata... ou vara de marmelo, corrião com fivela, toalha molhada, um gato morto, corrente de bicicleta e por aí vai... Você sabe muito bem que a mulher não é um treco que se encontra pronto na natureza, como uma laranja que você chega e colhe. Não! Mulher e cavalo, quem faz é o dono. Trabalho que exige muito discernimento... E maestria... E lambada!

Me vem à mente agora a contribuição preciosa que nos legaram nossos irmãos japoneses. Eu quero atestar aqui, ao vivo, nossa gratidão a este povo laborioso, pelo enriquecimento que nos trouxeram com o taekendô. Eu falo em nosso nome e em nome das mulheres, é lógico, pois eu sei que, no fundo, mesmo a vagabunda mais ingrata reconhece que é tudo em nome de um ideal maior; toda essa história de olho roxo, dente quebrado, hematoma, nariz inchado _ tudo isso é para o bem delas... Mas, voltando aos métodos corretivos que eu estava lhe sugerindo, você pode prendê-la num quarto escuro com uma coleira no pescoço _ pode ser um canil, uma masmorra, uma caixa d’água... o que estiver mais disponível pra você. Amarra uma coleirinha no pescoço e deixa ela ali, presa por uma semana com uns biscoitinhos passados. E vai passear... vai viajar com aquele seu coleguinha que te come desde os tempos do ginásio... Tudo isto fará com que ela acorde e perceba que o seu sentimento é algo em demasia para com ela!

Rodésio, meu querido, eu poderia me estender aqui por décadas, mas vou ser bem objetivo à sua pergunta, que também foi muito objetiva... Mulher gosta de apanhar? _ Pois bem: existe um ditado escocês que sintetiza tudo o que você precisa saber em matéria de mulher. Ele nos diz mais ou menos assim: “A woman, a dog, a walnut tree; the more you beat them, they better they be.” [Os olhos do doutor ficam rasos d’água] Deculpe se me emocionei um pouco Rodésio, mas é lindo demais! Graças a Deus, ainda não perdi a capacidade de me emocionar ante as coisas belas!

Cons._ O senhor poderia traduzir pra mim?

Dr._ Infelizmente isto não será possível, pois trata-se de uma pérola... algo tão prenhe de significados, de nuances, de sonoridades _ algo impossível de se traduzir sem cometer uma grave injustiça ao ritmo e à doçura do idioma cheikspiriano! Mas, que seja... vou tentar... não sei se conseguirei... “Uma mulher, um cachorro, uma nogueira; quanto mais porrada levarem, melhores eles serão.” Ufa! Cheguei a suar frio, nego véi! Me desdobrei!

Cons._ Então valeu, doutor. Já vou chegar em casa arrepiando, sentando guaspada pra tudo quanto é lado!

Dr._ Eu fico feliz pela sua mulher... Vai fundo. Um beijo no coração!


* Ricardo / César Valério *



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