* Obs: Doutor Pelópodas é médico, filósofo e consultor da revista Chamego.
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Consulente_ Dr. Pelópodas, venho andando muito preocupada com o meu filho, o Gutinho, de 14 anos. De uns tempos pra cá, ele começou a ficar jururu, sem apetite, e o rendimento na escola caiu pra abaixo da crítica. Ele já não quer saber de jogar bola com os coleguinhas, de esvaziar pneu de carro, bater guerra de pedra... desistiu do curso de inglês... Só anda triste, caladão pelos cantos. Uma amiga minha me alertou pra causa do problema, e ela realmente tinha razão: meu filho é uma vítima do vício solitário! _ Certamente que não é normal a quantidade de vezes que ele freqüenta o banheiro e o tempo que fica trancado lá dentro; afora aquele cheirinho incriminador que fica lá depois que ele sai, todo esquisitão e acabrunhado. Ontem botei minha orelha junto à porta do banheiro e pude ouvir perfeitamente: primeiro um ‘nhec-nhec-nhec’, depois um gemido desfalecido do safado... Depois me vem ele... abre a porta devagarinho, com uma expressão de estupor, pálido, parece que viu uma assombração... sai cambaleando pro quarto e liga uma música maluca no volume máximo... O pior é que eu nem posso falar nada, que ele ameaça se alistar na Legião Estrangeira ou então diz que vai virar bandido. Me responda doutor, é verdade isso que dizem por aí: a masturbação realmente leva à loucura?.. O que eu mais quero nessa vida, doutor, é ver meu filho se libertar do jugo da punheta... e voltar a sorrir novamente, a ser aquele mesmo menino alegre e extrovertido que sempre foi.
Doutor_ Dona Regina, vamos começar desmistificando esta prática de manipulação rítmica dos órgãos genitais, conhecida por diversos nomes, de acordo com a abordagem adotada: proctalgia frontal, no linguajar científico; indulgência secreta, no dizer das pessoas religiosas; e popularmente, a manjadíssima bronha, cinco-contra-um, safira, etc. “Cinco fariseus obrigando um judeu a vomitar o que ele não comeu!”
Este meio aparentemente perverso de se atingir o êxtase é, na verdade, um santo remédio da natureza (se usado dentro de um programa sério de orientação e acompanhamento médico). Antigamente, quando o ser humano era mais filho-da-puta do que é atualmente, o que acontecia era que ninguém queria ver ninguém numa boa _ quanto mais em êxtase! Eles alegavam mil coisas, mas era simplesmente por isto que o gozo solitário era tão denegrido: sovinice, instinto aborteiro, inveja por saber que qualquer idiota tinha efetivamente nas mãos este recurso tão poderoso, capaz de nos transformar em reis, em deuses, em mestres da natureza _ vitoriosos sobre todo o universo por alguns instantes. Infelizmente dona Regina, assim como a bebida, a meditação transcendental e o chá de cogú, se usada em excesso e sem a técnica correta, a punheta pode levar a conseqüências graves como a loucura, perda dos dentes, interrupção do crescimento, amnésia, catarrismo, retardamento mental, cegueira e até mesmo à languidez mórbida (o seu filho fica assim, todo mole, marcha lenta... pro resto da vida. Aí só vai conseguir emprego como cartomante ou cobaia de laboratório).
Conheci um babaca que vivia dizendo “Se punheta matasse, eu já tava morto.” Arrogante, sem nada conhecer da metodologia bronhística, um dia caiu vítima de um colapso cerebral fulminante!.. Babacão!
Há várias maneiras de a senhora descobrir se o seu moleque tá tocando bronha demais. Existem os tradicionais indícios da mão cabeluda, espinhas, magreza excessiva, mamilos empedrados etc; mas método infalível é o seguinte: chegue por detrás, de surpresa, e lhe dê uns cutucões firmes com os indicadores no meio das costelas, cutu-cutu! Se o pimpolho bambear as pernas e cair de joelhos, você então deve providenciar imediatamente a sua internação numa clínica especializada, antes que os danos cerebrais se tornem irreversíveis.
A punheta, desde que usada sob a orientação dum profissional competente da área médica, é um dos grandes elixires da saúde e da longevidade, e além de precursora do caráter, do altruísmo e da força de vontade, é também um fator primordial de união da família _ e já explico porque. Vou aproveitar que o seu marido se encontra presente no estúdio pra estender o assunto e abordar o tema, “A Punheta e a Família Monogâmica Moderna”...
Minha experiência mostra que 99% dos adultérios seriam evitados caso o homem ou a cadela ordinária se aliviassem na mão logo que pensassem em dar uma escapulida. O contentamento e a paz interior que nos invadem depois duma boa punheta (ou ciririca) é algo sem paralelo na experiência humana _ diríamos até... uma integração cósmica com o Universo! Mas é lógico que pra se atingir este estágio de comunhão transcendental e usufruir os benefícios infinitos da punheta, não é só se sentar na privada e sair sentando a mão de qualquer jeito. Não! _ Como em todas as áreas da expressão humana é necessário um árduo período de aprendizado, treino, doutrinamento. Há de se exercitar uma série técnicas manuais e uma disciplina da imaginação que exigem muita dedicação e perseverança. Mas posso garantir que vale a pena! O nível mental de um punheteiro com “P” maiúsculo é um oceano de paz e harmonia. É por isto que sempre digo que não existiriam guerras, se todos tivessem acesso aos segredos maravilhosos da Bronha Total.
Já se encontra à venda nas boas livrarias um trabalho muito bonito chamado “A Punheta Criativa” de autoria da maior sumidade mundial em matéria de punheta na atualidade: EU mesmo. Além de um curso prático, você vai encontrar ali respostas pra uma série de questões obscuras, jamais abordadas por nenhum outro autor, como por exemplo, “Os espermatozóides têm alma?”, “É possível ejacular e mijar ao mesmo tempo?”, “Punheta com sabonete faz mal pra pele do piru?”, “Quem toca mais bronha: os padrecos ou os membros do alto clero?”, “É a punheta um ato de cidadania?” etc...
Mas, voltando ao nosso tema, veja bem Regina: pra quê o seu marido vai querer te trair, correndo um monte de riscos, se através da Punheta Criativa ele pode transar com as mulheres mais deslumbrantes _ preta, branca, mulata, gorda, magra, louca, meiga, sonsa, depravada etc. _ isto sem ter que sair do conforto do seu banheiro. É só seguir corretamente os exercícios de imaginação que estão no livro, durante os dezenove meses, que é o tempo de duração do curso. Você verá então que sexo é coisa para pessoas espiritualmente menos evoluídas: pra quê aquela melequeira toda, se você pode, meu amigo Winglerson, num centésimo de segundo [estalando os dedos], estar num chalé nos Alpes Suíços com aquele anjinho que é a filha do seu vizinho, saboreando um vinho de 30 mil dólares, regalando-se num tapete de pele, à luz de uma lareira; se você pode estar numa frágil canoa em alto mar, no meio duma tempestade, sem o perigo de se afogar, comendo aquela deusa de ébano, fazendo-a gritar e chorar de tesão; ou estuprar aquela maravilha lúbrica que te esnoba fazendo pose de muito honesta, botando-a pra gozar na marra; se pode perder o controle em pleno supermercado, você e aquela vagaba maravilhosa, debaixo da banca de verduras; se podes trepar com uma mulher pré-histórica, com direito a rosnados e todos aqueles afrodisíacos rituais do mundo animal, preliminares ao acasalamento; pode, junto com a professorinha tarada, dar uma aula de fazer neném pra meninada do jardim-da-infância; pode trepar no ambiente faustoso de um palácio, entre sedas e cortinados esplêndidos... ou na torre Eiffel, no meio da rua, no alto dum penhasco, na sala de espera do consultório médico, num tapete voador... enfim, onde você bem entender, sendo que pra isso basta apenas e tão somente uma mãozinha faceira e um ligeiro refinamento metodológico... tudo na maior assepsia e sem problemas com a justiça.
Se ao invés de um, você comprar 15 livros “A Punheta Criativa”, leva inteiramente grátis um CD com sussurros e gemidos eróticos pra servir de fundo musical pra sua bronha. Se comprar trinta, leva um livreto com revelações inéditas sobre a vida íntima das maiores bichonas da política nacional. Mas _ prepare-se! _ se comprar 50 exemplares, você leva pra casa dois poemas eróticos de minha autoria, já emoldurados, pra pendurar na parede da sala.
Agora, voltando ao problema principal, estimada Regina, o meu conselho é que corte pela raiz esta orgia solitária do seu bambino... descontrolada, sem método, sem embasamento filosófico _ sem nada! _, que implicará certamente numa sangria das energias formadoras de seu corpinho ainda tenro e frágil.
E, de lambuja, vai aí mais um conselho de amigo: diga ao seu marido pra largar aquela amante horrorosa, antes que você descubra. Dê-lhe de presente o meu livro e acabe assim com este pesadelo constante de doenças venéreas, que o patife jura ter pego ao coçar o saco com as mãos sujas.
E bem vinda a este mundo cheio de aventura, mistério e magia, que é o mundo da Bronha Total!.. Regina linda... afoxé de amaralina... na buzina da doce piscina... se eu fosse a sina dessa menina... Pi-ra-la-mi-na!