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Quadro diário de perguntas e respostas na TV
* obs: Dr. Pelópodas é médico, filósofo e consultor da revista Chamego
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Consulente _ Doutor Pelopódas, qual a diferença entre menstruação e orgasmo?
Doutor_ Pergunta muito perspicaz, lindo jovem! Há tempos eu esperava a oportunidade de poder abordar aqui em nosso programa este assunto tão controverso e ainda não totalmente esclarecido na cabeça da maioria dos telespectadores. Esta distinção curiosa e, talvez, imperceptível às pessoas sem formação médica especializada seria assunto pruma palestra de muitas horas, mas tentarei ser o mais objetivo possível em desintrincar estas duas funções fisiológicas que se confundem, que se mesclam, se interpenetram, se completam de uma maneira assim tão... tão... tão úmida!
Cons._ Pois é, mestre. Já amei muitas mulheres, já mergulhei fundo em muitas paixões, fiz loucuras, rompi limites, quebrei tabus, atingi todos os extremos possíveis numa relação a dois; no entanto, a mulher _ este ser obscuro! _ continua a ser um enigma para mim...
Dr._ [Solene:] Enigmas foram feitos pra serem desvendados. Você está falando com um expert no assunto. Veja bem, Carlos Sérgio: um sábio chegou a definir o homem como um animal que cora... que enrubesce [tocando as faces ]... Até um passado recente porém, ninguém tinha conseguido alcançar uma definição satisfatória para este ser intrigante... a mulherrr. Isto até os meados dos anos 70, quando, com a evolução dos conhecimentos biológicos e da anatomia comparada, chegamos afinal à definição precisa do que seja esta entidade. É o seguinte: “A mulher é um mamífero que menstrua.” Especificou-se o termo “mamífero” pra diferenciar a mulher dos quelônios melanogástreos de sangue frio_ as temidas aranhas negras da Malásia _ que também menstruam. Alguns autores preferem outra definição: “A mulher é um mamífero que goza.” É a mesma coisa, grosso modo _ questão de método de abordagem... Mas a definição mais bonita da mulher, a definição que realmente faz jus à natureza da alma feminina, foi encontrada por mim mesmo no ano de 1995... Foram 15 anos de trabalho incansável, de lapidação, de síntese, de noites viradas até que eu conseguisse condensar um tratado de 8000 páginas num único enunciado lapidar. Ao final das contas, posso dizer que valeu a pena, pois pela primeira vez em minha carreira, consegui unir a objetividade do cientista que sou com o lirismo do poeta que sempre fui. Caso se encontre de pé, neste momento, amigo telespectador, procure uma poltrona e acomode-se com segurança. Um desfalecimento inebriante percorrerá seu corpo a cada sílaba deste axioma científico em forma de poema. Preste muita atenção na musicalidade, na infinita ternura das palavras, no lúdico lusco-fusco do estilo, na sensualidade, nos jogos de duplo sentido... Lá vai: “A mulher / é a parte da vagina humana / que a gente não come/ mas que / com cuspe e jeito/ ainda rende um frosquete e um boquete.”
É demais, vamos convir! É lindo! É como se cada palavra fosse um diamante translúcido de finíssima lapidação!
Pretendíamos trazer aqui ao nosso programa uma cadela muito elegante e muito simpática, chamada Kengha, pra darmos um exemplo prático a nível de anatomia, mas a direção da emissora vetou nossa iniciativa, temendo reações indignadas por parte das organizações protetoras dos animais, que poderiam interpretar nossa comparação como uma provocação, um insulto aos quadrúpedes de todo o planeta. Quero deixar aqui o meu protesto contra esta atitude arbitrária e obscurantista! Estamos já às portas do 3o milênio, e apesar da televisão realizar, diariamente, um enojante bombardeio de confomismo e boçalidade... de transmitir todo dia cenas verídicas de mutilação e morte entre um desenho animado e outro... de mostrar mulheres chupando manga, santo Deus, cheias de trejeitos lascivos! _ apesar de tudo isto, a sensualidade canina, esta coisa tão pura e bonita, que vem inspirando os poetas desde a mais remota antigüidade, continua a ser um tabu na sociedade contemporânea! Mas o amor supera que qualquer diferença, meus amigos!.. seja de raça, seja de cor, seja de classificação zoológica!
Bem, Carlos Sérgio, eu espero que estas explicações tenham iluminado o seu discernimento em relação a este universo misterioso que é a alma feminina... Menstruação/orgasmo, orgasmo/menstruação, todo santo mês! este é o problema: é só de mês em mês que aquela baranga que dorme ao seu lado consegue gozar. Pois eu espero que estas conclusões que eu levei uma vida inteira pra tirar _ este fruto suculento que eu deixo aqui de mão beijada pra você _ o transforme de um amante nota meio num amante nota 0,6... ou seja, que você pelo menos consiga levar sua parceira nota zero a uma menstruação muito mais plena e gratificante. Tal esforço não será em vão: terás dentro de casa uma esposa feliz, conformada com suas noitadas de bebedeira e putaria, contemplativa, menos relapsa nos afazeres do lar...
Pra resultados ainda melhores, sugiro que você adquira JÁ o meu livro “Amor a Molho Pardo”, que lhe ensinará como induzir sua mulher a menstruações cada vez mais alucinantes... Sabe aquela grana que cê tá juntando pra passar as férias na Bahia com esse entojo da sua mulher. Pois então! Deixa de ser otário! Leia o meu livrinho, dinamize a vida menstrual de sua patroa... e leve aquela tremenda gatinha que tá te dando o maior mole! Vai ensinar sacanagem pra ela lá em Trancoso... Quando voltar do passeio, bronzeado, gordo, roliço, rindo à toa, você encontrará em casa uma esposa sorridente e satisfeita, sedenta pra ouvir suas ordens e aturar suas babaquices!
Fefê, aquele abraço. Fique com Deus. Um beijo no coração!