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Humor-->Hiper-Sonso -- 21/05/2002 - 22:30 (Jactâncio Futrica) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
HIPER-SONSO _ Todo mundo conhece ou já conheceu pelo menos um hiper-sonso em sua vida. O biotipo é característico, procure se lembrar: aquele sujeito desengonçado, magricela, com aquele modo de andar todo solto, cheio de vadiagem. _ É ele!.. O estilo e o comportamento também denunciam prontamente o hiper-sonso: sabe aquele sujeitinho abusado, que fala pelo nariz?.. aquele tipo debochado, totalmente desprovido de se-mancol... aquele vacilão que só apronta (às vezes intencionalmente, às vezes pelo simples fato de existir). Pois então. É ele mesmo!

Apesar de se apresentar, via de regra, na forma dum sujeito raquítico, o h.sonso não tem medo de nada nem de ninguém, pois lhe falta o mais elementar senso de perigo. Aliás, falta-lhe senso de quase tudo _ o que o leva, vira-e-mexe, a cometer algum gênero de gracinha temerária, tipo queimar a bunda de alguém com o cigarro, sem mais nem porquê. Ou jogar uma lagartixa morta no prato de comida dum sujeito de 3 metros de altura, que ele nunca viu na vida. Ou derramar feijoada fervente no colo duma senhora de 80 anos de idade, simulando acidente. Ou empurrar a anfitriã da festa pra dentro da piscina, juntamente com seu vestido divinal, julgando estar sendo divertido. Ou imitar as maneiras duma criança deficiente, na frente dos pais. Não por maldade, mas pela simples porém imperiosa babaquice.

O hiper-sonso é assim! Mas não pense que ele se garante quando a coisa engrossa. De modo algum! Ele não tem o mínimo constrangimento em correr do pau, em peidar bem alto quando sente o aperto. Cê acha que ele tem vergonha de alguma coisa? que leva a sério essas invenções livrescas do século XIV, como brio, hombridade, vergonha na cara, etc? _ Que o quê! Sujou, ele sai batido. E vai dar risada lá na frente, numa boa!

Conheço uma boa dúzia desses; mas o capitão do escrete, o campeão absoluto da sonsice era um figura lá de Imbiracucuia, que tinha o apelido de Caolho, mesmo sem ser caolho. Não sei porque, mas a cara dele já dava raiva só de olhar! A cada gesto, por mais banal, ele conseguia exalar uma indefinida (e revoltante) impressão de desleixo, de descaso para com o resto do universo. E parecia tomar um tipo de injeção que o fazia rir o tempo todo _ da cara dos outros, bem explicado, e geralmente apontando o dedão bem na frente do nariz do sujeito.

Um dia (ele tinha então pouco mais de 20 anos), ao ver passar pela avenida um ônibus da prestigiosa viação Cometa, de linha interestadual, ele levanta displicentemente o braço e abana o dedinho. O motorista estaciona e abre a porta. Caôi põe um pé sobre o primeiro degrau, mas fica por ali mesmo, encostado manemolentemente, sem pressa alguma. O motorista, fumando seu cigarro (naquela época podia), com a fisionomia estressada do profissional, lhe apressa, coçando o bigodão: “Você tem passagem, meu filho?” E ele, muito tranqüilo, com um cigarro apagado dependurado no canto da boca, responde, indolente: “Não, ô chegado, eu só tô querendo o fósforo. Se liga, manda aí...”

O motorista era desses mineirões enjoados, inguinorantes, todo cheio de prerrogativas de machão intocável... Imagine a afronta, o tapa, o peido na cara que aquilo não foi pra ele! Injuriado até a medula, o mineirão bronco se contém por um momento, duvidando do que estava vendo. Mas ao reparar bem o jeito insolente do rapaz, encostado ali na porta, todo molinho e donairoso (e aí, cumpadi? vai liberá a brasa ou num vai?), ele não teve mais dúvida: passou a mão em seu inseparável porrete de guatambu e partiu pra cima.

Atônito, mas sem pestanejar, Caôi disparou pela calçada, despencando rua abaixo em cima de suas perninhas de saracura, especialmente projetadas para fugas em alta velocidade. Porque, como é de se adivinhar, ele é o tipo de sujeito que só atrai confusão; pode ficar quietinho, parado num canto, que só a cara dele, por si só, já chama encrenca. Daí esta adaptação evolutiva presente, de praxe, nessa variedade exótica da fauna humana: as pernas de saracura.
Com seu impecável uniforme azul, crachá e gravatinha, porém transtornado pela súbita comoção, o motorista lhe segue no encalço, superando com garra o excesso de peso. Em um segundo apenas, aquele homem aparentemente sensato, anjo-de-guarda de tantos e tantos passageiros, viu-se transformado num maluco fora de controle.
E lá vão os dois no galope: Caôi deslizando no vento, e o chofer estrebuchando, quase em transe. “Passa aqui, miserável duma figa!” _ ele implora, brandindo seu tacape enfeitado com fitinhas do Nosso Senhor do Bonfim. Sua indignação chega ao clímax quando o outro, pra piorar ainda mais a coisa, começa a lhe dar uns olés muito loucos, desconcertantes, extremamente desrespeitosos levando-se em conta a diferença de idades.

Não fosse bom de perna, Caôi teria virado omelete naquele dia. Até hoje ele não entendeu porque o motorista ficou puto daquele jeito, sem mais nem porque. “Cara loco, sô!”



HIPER-LIBERAL _ É o empresário ricaço que, como presente pro aniversário de 15 anos de sua filha, contrata o mais badalado galã televisivo do momento pra passar uma noitada com ela num motel de luxo. E ainda oferece 2000 dólares de prêmio por cada trepada extra que o lindinho consiga proporcionar a sua pupila.






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