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Humor-->Matozinho vai à Guerra -- 09/09/2002 - 13:38 (José Flávio Pinheiro Vieira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MATOZINHO VAI À GUERRA
JFLAVIO

Havia uma concordância geral: não existia povo mais gabão que aquele de Matozinho, mas desta vez , definitivamente, tinha passado da conta. Desde que Zé Capivara, o linguarudo da Vila, chegara na Praça da Matriz, contando as últimas novidades, sua gente vivia em pé de guerra. Zé tinha sido bastante categórico, assistira à tragédia, na TV única da cidade , na casa do Cel Serapião Garrido. Se fosse em outro lugar ainda podia restar alguma dúvida, mas a televisão do coronel não era de mentira não, meus senhores !
--- Vi com esses olhos que a terra há de comer! Uns turcos, lá nos Estados Unidos, pegaram uns aviões e arrebentaram os bicho em cima de uns prédios enormes. Parecia até rolinha encandeada , batendo em parede de oitão. Os teco-tecos entraram nos edifícios molinho, molinho, como faca quando entra em bolo de milho.Aí foi labareda , numa coivara de não acabar mais ! Uma broca de não ter mais fim, polícia tomando de conta dos aceiros e gente morta, frita, pra tudo quanto é lado ! Estão dizendo que os culpados são uns turcos dum tal de Afeganistão e só falam numa tal de Hosana Abilolada que parece que foi quem empreitou a emboscada...Eita mulherzinha mais destemperada !
Súbito se formou a rodinha em torno de Capivara. O povo ia cada vez mais ficando boquiaberto à medida que a roda engordava. De repente, quem visse de longe, concluiria que se tratava de comício. O medo de um ia se somando à admiração do outro, multiplicava-se com o assombro daquele e, em pouco, brotara o pânico. Com tamanha radiodifusão, o assunto, num átimo, virou manchete de primeira página, ou de primeira língua . Os comentários começaram engrossar , sobrepostos às fofocas que lhes temperavam e , sem mais nem menos, a cidade entrou em polvorosa. Falava-se em guerra, em vingança, a todo o momento. Menino soltava traque no quintal e fazia-se um alarde danado na vizinhança, na certeza que a guerra já havia chegado em Matozinho.
A coisa chegou a tal ponto que o Cel Rubião Pereira, prefeito em exercício da Vila, resolveu tomar as providências emergenciais. Naquele dia , o povo da cidade quase chacinava uma lavadeira de roupa, só porque tinha antecedentes de correr doida com lua nova, chamava-se, desditosamente Hosana e , cumprindo obrigações de ofício, tinha vindo para Matozinho com uma trouxa na cabeça. Imaginaram que devia ser a procurada Abilolada e tome pau na pobre da Dona Hosana.
À noite, o Coronel reuniu a Câmara de vereadores e explicou , a seu modo, o que tinha acontecido. Para ele, o mundo estava para entrar em guerra e se o terrorismo já chegara em Nova York, para Matozinho era só um pulo.Propôs então se tomassem medidas com fins de proteger os monumentos municipais, contra o ataque de terroristas e se decidissem que providências tomar no sentido de apoiar os Estados Unidos na retaliação. Depois de demorada discussão, resolveu-se mandar dois soldados para tomarem de conta , da estátua do fundador da cidade, Cel. Menandro Damasceno, exposta na praça da matriz. Iam com ordem expressa de atirar em qualquer avião que por acaso se aproximasse. Contrataram ainda Zeca do Balde Furado, um vendedor de água, de porta em porta, para comandar o esquadrão antiincêndio de Matozinho e Pedro da Carroça Velha, como responsável pela retirada dos escombros em caso de atentados. A Câmara também votou por uma declaração expressa de guerra ao Afeganistão e , para tanto, solicitou que se reciclasse o pequeno destacamento policial local, afeito à rede e ao baralho e se recrutassem voluntários para a batalha antiterror. O trecho final da Declaração de Guerra de Matozinho , endereçada a Hosana Abilolada em qualquer buraco do Afeganistão , é uma peça histórica :
“Se vocês pensam que podem ficar fazendo fogueira de São João em pleno mês de setembro, seus Afegãos, estão muito enganados ! O povo de Matozinho se alia aos Estados Unidos contra o terrorismo. Vocês vão ver é com quantos retalhos se faz um turbante. Nos vamos botar em vocês como o boi botou em Mestre Alfredo ! ”
No dia seguinte , já estavam de guarda ao redor da estátua de Menandro, os soldados Godofredo e Severo. No fim do dia, tinham matado dois carcarás e um gavião peneirador que se acercaram da estátua do Coronel, em atitude suspeita. Mais de 15 voluntários já tinham se inscrito para a batalha. Entre eles, dois caçadores de tatu que foram informados que o povo lá no Afeganistão mora dentro de buraco e, certamente, seria muito valioso seu know-how. Só não se alistaram mais, porque, rápido, acabou o estoque de espingardas soca-soca e peixeiras de 12 polegadas do destacamento.
No dia da apresentação, todas as autoridades civis, eclesiásticas e militares de Matozinho estavam presentes. Coube ao Cabo Rufino , na Ordem do Dia, saudar os heróicos combatentes que davam sua vida pela segurança do mundo. Empertigado, com a mão enfiada na farda, em feitio de Napoleão, Rufino sapecou:

--- Bravos combatentes de Matozinho ! A segurança do mundo depende da nossa força. Chegou a hora de pôr fim ao terror que assola este mundo. Vamos fazer Dona Hosana descer das alturas ! Somos poucos, não temos armas sofisticadas, mas também não possuímos aquela cara de pateta do presidente dos Estados Unidos. A batalha vai ser dura, muitos não voltarão! Matozinho espera que cada um cumpra o seu dever! Este povo com quem nós vamos brigar , não se enganem não, é tudo doido: Vivem afogados num cuvioco chamado “Afoganistão” ; mora dentro de buraco como caranguejo; se veste com lençol igualzinho a uma empanada de circo; anda montado num bicho mal engembrado e malamanhado chamado camelo e, pior, para vocês imaginarem o tamanho do juízo deles : eles rezam com o cu pra riba !
Bush que se cuide !
Crato, 26/09/01








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