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Humor-->Mulheres e pontos de ônibus2... -- 14/09/2002 - 22:00 () Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Mais uma vez no ponto de ônibus...



Sabe, começo a gostar realmente da idéia de esperar o ônibus. Não que eu já não o fizesse, mas é que passei a fazer com certo gosto.
Você deve estar se perguntando como alguém pode gostar de esperar ônibus, mas se já leu meu texto intitulado "Ponto Bus" deve saber que isso pode ser realmente legal.
Mas vamos ao que interessa.

Mais uma vez, estava eu no ponto de ônibus da "avenida do mineirão" pelo motivo óbvio. Esperar a materialização de um E.T. que viesse conversar comigo e...
Logicamente eu estava esperando o ônibus. E novamente estava indo para o Del Rey encontrar com uns amigos.
Aguardei um tempo e imaginei que pudesse demorar para chegar, e mais ainda quando eu estivesse dentro. Motivo?
Criança Esperança no mineirinho...
É, tem gente que paga pra ir lá. E muita. E eu ainda tenho coragem de chamar de "gente"...
Talvez porque minha mãe queria ir...
Esse povo começou a me incomodar, porque além do fato de que o ônibus estava demorando bastante, ainda vi várias senhoras com faixas do tipo: "Xuxa eu te amo!" na cabeça.
A mulher fala que acredita em duende e ainda tem gente que dá confiança...
É por essa e por outras que eu falo que o que quer que você fale ou venda, sempre vai ter alguém (de preferência trouxa) para acreditar eou comprar.
Já ouvi falar até que começaram a vender "bonecos invisíveis" nos Estados Unidos, e, claro, teve "gente" pra comprar. A alegação do fabricante contra as críticas é que não está enganando ninguém, o que não deixa de ser verdade.
E ainda vendiam acessórios, do tipo: "o homem invisível no campo", "na fazenda" e "no velho oeste".
Mas, "boneco invisível por boneco invisível" eu sou mais fazer um.
Ah, e outra coisa. "Você" pode ser ruim e sem importância o quanto for, mas se for "famoso", pode estar certo de que haverá alguém para falar que é seusua fã.
Com esse troço de "criança esperança" perto da minha casa, vi gente que se dizia fã daquele povo do fama. Sabe quem são?
Nem eu.
Reconheceria na rua?
Talvez.
Pediria um autógrafo?
NUNCA!
Para eu pedir autógrafo de alguém, essa pessoa teria de ser, no mínimo, tão importante quanto um limpador de piscina de clube.
Imagine se ninguém limpasse as piscinas? Pois é, não seria legal.

Bom, mas voltando ao ponto de ônibus...

Eu ainda esperava, quando reparei que várias vans escoltadas estavam subindo a avenida. Imaginei que pudesse ser alguém "famoso", mas não reconheci ninguém.
Esperei mais um tempo, já estava impaciente.
Continuavam passando por mim, pessoas dos mais variados tipos(retardados, imbecis, trouxas, etc) com roupas, cartazes e faixas que me desanimavam "de acordo".
Foi quando uma van veio subindo lentamente, até chegar onde eu me encontrava e a motorista perguntar:

- Onde eu acho uma loja de animais?

Eu, ainda perplexo com tal pergunta sem sentido, disse que não fazia a menor idéia.
Ela agradeceu, mas antes que saísse, veio uma voz de uma mulher na janela:

- Peraí! Você não é o...
- Não.
- Como não? Eu ainda nem disse quem eu acho que você seja!
- Mas é porque não tem como me conhecer, eu nunca te vi.
- Não? Veja se me reconhece...

E começou a cantar umas músicas de "canibal", duma "festa" que ia rolar não sei aonde. Só sei que não reconheci. Nem pela voz nem pelo rosto.
Um cara no banco atrás dela "soprou" que ela era a Ivete Sangalo. Diga-se de passagem que nem tão bonita quanto dizem ela é.

- Ah, você é aquela cantora...
- Isso! E você é o...
- Já disse que você não me conhece.
- Marcão!

Nessa hora minha cabeça parou por alguns segundos, antes de entrar num ritmo descontrolado de alucinações e tentativas de raciocínio. Aquilo não fazia sentido.
Apesar de nem tê-la reconhecido, e não ser das minhas cantoras favoritas(eu tenho uma cantora favorita???), isso me assustou. Ela é famosa, eu não!
Como ela sabia quem eu era e eu não sabia quem ela era?

- Peraí, pára tudo. De onde você me conhece?
- Você tem um texto no "cocadaboa", certo?
- Certo, mas...
- Uma amiga minha, que já fez algumas fotos e comerciais, te conhece. Ela me falou do seu texto e descreveu como você é, pra mim. Pela descrição dela: bonito, charmoso, simpático, engraçado, modesto e espera ônibus na avenida do mineirão, só pode ser você.
- Ah... agora tudo faz sentido.
- Bom, por um acaso você gostaria de ir ao Criança Esperança?
- Olha, não sou muito fã não, mas... de graça é comigo mesmo. Só tem uma coisa: cê tem que me emprestar um celular, porque eu tenho que avisar meus amigos.

Ela concordou. Novamente eu estava em um dilema: ligar para meus amigos e falar a verdade(sabendo que novamente não acreditariam) ou apenas avisar que eu não poderia ir?
Bom, a velha desculpa da dor de cabeça repentina serviu bem.
Entrei de graça no show, fui no camarim dos "artistas" e conheci muita gente "famosa". Bom, isso não foi tão legal quanto passar o dia subindo e descendo escadas rolantes num shopping, mas foi divertido. A cara da Sandy quando viu que eu não iria mesmo pedir um autógrafo nem uma foto, e do Júnior quando eu perguntei se ele era bicha mesmo e não obtive resposta, já valeram meu dia.

Eu fiquei assistindo tv durante o show, logicamente em um canal que não era a Globo. Quando tudo acabou, tomei um susto, pois vários repórteres vieram me intrevistar. Pessoas famosas passavam atrás deles mas nem davam atenção. Eu até arrisquei um "olha o KLB alí", mas não funcionou.
Me perguntaram sobre a cotação da bolsa, sobre os marsupiais da Nova Zelândia(existem marsupiais lá???) e até mesmo sobre como eu fui parar alí.

- Bom, o professor pediu pra jogar ofensivamente e, graças a deus, o time foi feliz nas finalizações...

Todos ficaram com uma cara de político que toma "tomatada" na rua, e foi nessa hora que aproveitei para fugir deles.
Quando finalmente me afastei deles, a imagem congelou. Tudo estava parado e eu logo percebi: era hora de entrar em cena uma daquelas mulheres maravilhosas que daria idéia para mim, personagem principal.
Não deu outra. Olhando inicialmente para seus pés, a câmera foi subindo lentamente, acompanhando as pernas torneadas, as coxas grossas... ah...
Aos poucos a imagem chegou até a cintura, e foi subindo até o rosto.
Ahhhh!!!
Era uma mocréia, uma lambisgóia, um tribufu!!! Imagine a mulher mais feia que você conhece e tenha certeza de que era pior. Provavelmente a cara dela pegou fogo e apagaram com porrada.
Zuação.
Pô, cê num acha que ia ter uma mulher(se é que pode-se chamar algo assim de mulher) dessas na minha história, né?
A mulher era simplesmente maravilhosa. Um rosto lindo, olhos verdes maravilhosos, cabelos lisos e castanhos. Um sorriso que só não ganha do da "mulher da propaganda da antártica em que o cara joga cerveja na mulher e toma, etc, etc" e...
Peraí, era a Alice*!

* - ler Ponto Bus para entender.

Nossa, pára tudo de novo. Sabe aquela mulher, que pra você é "A" mulher? Pois é, ela é essa mulher pra mim...
Desde aquele dia no carro que eu não a vi mais. E desde esse mesmo dia que não penso em outra mulher. Quer dizer, não do mesmo modo que penso nela.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa:

- Que história é essa de ficar dando idéia praquela "Ivete Sem-graça"?
- É que... bom...
- Não precisa se explicar, você não tem culpa dessas mulheres serem tão atiradas.
- Se você tá falando...
- E também, você pode até me trair que eu não ligo. Mas só porque é você.

E depois minhas aigas me perguntam por quê eu sou tão convencido.
Conversamos por algum tempo, e quando percebi já estávamos preenchendo juntos uma pequena sala de limpeza num corredor pouco movimentado.
A iluminação era fraca, o que tornava tudo ainda mais estimulante, e a idéia de que a qualquer momento poderia chegar alguém era ainda mais tentadora.

Largando novamente os detalhes sórdidos de lado...

Algum tempo depois, deixamos a sala e voltamos para junto das outras pessoas. Antes de sumir, ela ainda mandou um beijo e um "tchau Marcão"...
E eu, fiquei alí, parado feito uma besta.
O perfume, juntamente com a lembrança de seu toque e aquela pele macia não saíam da minha cabeça por nada...

Bom, o que importa é que esperar o ônibus na avenida do mineirão vem-se tornando uma atividade cada vez mais legal. E algo me faz pensar que ainda terei muita história nesse ponto...



Bruno Marcão 2002
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