Mostrei minhas mãos cheias de tinta. Insinuei pintarmos uma aquarela da nossa amizade.Você sorriu. Disse-me que ainda não era hora. Tudo bem. Eu espero. Um dia você vai parar de se importar de eu ter namorada. Você diz que eu não deveria agir assim, que eu deveria respeitar a pessoa que está comigo. Nesse ponto eu começo a "filosofar". Dizem que quando se está namorando é uma época para aprender a conhecer a pessoa com quem se está junto. Isso não quer dizer que não se possa conhecer outras pessoas. O problema é que hoje em dia o termo "conhecer"está muito "bíblico". Os namorados só se conhecem depois da maça. E como fica, então, as outras possibilidades. Penso que estar namorando não implica em fechar-se por completo para outras possíveis relações. Porque se estivermos completamente fechados, na verdade não estamos namorando, estamos casados. Casar é fechar o mundo a outros romances, além de outras "cositas más". Viver somente o amor pelo qual optamos. Se bem que muitos amigos meus, casados, discordam completamente de mim. Pois é, a vida tem dessas coisas.
Mas voltando ao início, antes de ser interrompido por mim mesmo. Você titubeou depois dos meus argumentos "filosóficos". Pôs suas mãos no pincel. Pincel, hum, isso pode dar duplo sentido. Riscar a parte das mãos no pincel. Vamos trocar por, digamos, concordou em parte. Porque será que sempre que alguém concorda comigo é apenas em parte. Eu quero tudo. Não apenas a maça, eu quero a árvore inteira. E que árvore, que bunda, que coxas, "mamma mia". Você é de quebrar a cama. Mas vamos com calma. Não tenho condições de ficar comprando uma cama por semana. Vamos para o chão? Sim! Depois encima da mesa, na cadeira, no chuveiro... Madonna, que amigona que eu fui arrumar!
Caro leitor, eu sei que você já está fantasiando. Desculpe-me, devo adverti-lo que a estória acima é ficção. Só acontece na cabeça de escritores com insônia, as cinco da manhã, e em terças-feiras, de lua cheia. Mas, quem sabe, você possa usar uma cantada semelhante naquela sua amiga? Peço apenas que você seja mais criativo. Não faça um simples plágio. Ela já pode ter sido cantada antes. Tente algo como "a brevidade da vida diante do infinito do universo", "somos seis bilhões, olha a coincidência, nos dois aqui, no meu apartamento sem nada para fazer..." . Diga o nada com ênfase, quem sabe ela te agarra. Sei lá.
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Pequenos Delírios - Vol 3.