Li em algum lugar que a preferência de boa parte do clero católico por garotos, assunto tão antigo mas só hoje lançado em cheio contra todos os ventos e ventiladores, seria levar longe demais o "Vinde a mim as criancinhas".
E alguém bem poderia sugerir a hipótese de uma interpretação errônea, a daquela parábola que nos fala da existência de duas portas para se entrar no reino dos céus: uma larga e outra estreita.
Fugindo um pouco ao tema, mas nem tanto, é genial o filme [El amante menguante] dentro do filme [Hable con ella] de Pedro Almodovar. Depois de tomar uma poção emagrecedora preparada pela amada que é cientista, o amante diminui às proporções de um inseto. Depois de escalar com imensa dificuldade as íngremes encostas dos seios da amada, ei-lo que se depara, no entre-pernas, com uma rachadura cercada de pêlos. Depois de arriscar um dos braços, decidido, ele tira a cueca e penetra de corpo inteiro na gruta misteriosa.
Para Hubert Fichte, em "Ensaio sobre a puberdade", o pederasta é aquele que quer fazer com quem não quer fazer.
Em Matão, a mãe do rapaz de 30 anos, acusado de ter estuprado um garoto de 8, declara à reportagem do jornal Tribuna Impressa: "Eu nunca notei nenhum comportamento estranho do meu filho. Nem namorada ele nunca teve."
Em "Pedófilo, de joelhos, no sacrário", cordel publicado em 27/12/2002, Elpídio de Toledo nos vem com esta estrofe:
"E, ao chegar a São Pedro,
ao inferno fazia jus,
inda pediu ao paredro
pra ver Menino Jesus."
Parodiando João Guimarães Rosa, do jeito que as coisas vão indo, o Menino Jesus mesmo, se vier, que venha prevenido. E só caminhe com as costas firmemente coladas contra as paredes. Nunca se sabe!
