Coluna do Machadão de 22 de março de 2003
O bilhete anônimo ...
Machadão está pensando na guerra contra o Iraque. Pensa na justiça do homem da guerra invadir um país para expulsar seu ditador e seu povo e possíveis desdobramentos.
Não consegue concentrar-se totalmente pois desde cedo foi deixado um bilhete anônimo no balcão da redação. Não sabia quem escreveu e isto o consumia por dentro.
A letra era de pessoa letrada, clara e inteligível. Letra de mãos calejadas de escrever de forma manuscrita. O bilhete em papel comum dizia, Machadão meu querido:
Demorei a pegar no sono. Rolei pela cama em vão. Meus
pensamentos e desejos estavam fixados em você. Levantei.
Resolvi tomar mais um banho, na ânsia de relaxar e assim
quem sabe, sem pensar mais em você, dormir um sono
tranqüilo. Deitei nua, com o corpo ligeiramente úmido e
com meus pensamentos persistentemente voltados a você.
Gosto dos olhos nos olhos, das mãos nas mãos. O creme
hidratante espalhado em nossos corpos. Eu tocando você
ora com a pontinha dos meus dedos, ora com a pontinha
dos meus seios. Você deitado nu. Eu nua sobre você. Meu
corpo redesenhando o seu. Os nossos desejos, as nossas
respirações se confundindo. Você querendo se mover,
desejando me tocar. Não, agora não. Agora você será só
meu. O retenho, não o deixo me tocar. Mergulho meu corpo
no seu. Meus seios, meu ventre, meu sexo percorre seu
corpo que está ali, ao meu alcance e totalmente entregue
aos meus desejos. Mordo seus lábios, invado sua boca com
a minha língua, cubro seus olhos com um lencinho de
seda. O imobilizo com meus carinhos. Você agora não pode
mais se mover. Não pode também ver. Você apenas sente.
Ficamos alguns minutos assim e então, agora sim,
deixarei você agir. Agora sim, acontecerá o amor...
Acordei!
Machadão pensa hoje será uma longa noite de insônia
Será que ela aparece aqui na redação ?
Boa noite
Douglas Lara - Editor
Acontece em Sorocaba
www.sorocaba.com.br/acontece