Coluna do Machadão de 5 de abril de 2003
Outro bilhete anônimo
Caro Machadão,
Li seu relato, no Acontece em Sorocaba, a respeito da jovem senhora que escreveu anonimamente para você. Fiquei penalizado e resolvi contar um pouco mais sobre esta linda mulher que não pode se identificar por ainda estar casada, no fim de uma relação que dura mais de 20 anos. Como nos conhecemos, tenho que usar este expediente odioso do anonimato. Só posso adiantar que vocês se conhecem e irão rir bastante quando forem identificados.
Nasceu no primeiro dia do ano. A menina dos olhos, de uma família repleta de varões. Dona de belos traços a pequena exercia, mesmo sem saber, um imenso fascínio, em quem a olhava, tamanha a meiguice que de cada gesto seu emanava.
Crescera, rodeada de luxo e tendo todas as suas vontades prontamente atendidas.
Estudara nas melhores escolas. Vestira os melhores vestidos. Calçava-se, com as melhores grifes da moda internacional.
Férias na Europa, era rotina.
Voluntariosa desde pequena, quando sequer sabia caminhar com suas próprias pernas, a menina de ouro, dava trabalho e orgulho aos seus tão dedicados pais.
Não contente, com tudo o que tinha, a menina agora adolescente, resolveu que queria ser dona de parte do vasto patrimônio da família. Queria dar ordens, ter seu próprio carro e começava a dar sinais de querer também morar sozinha.
Os pais, atentos a todos os seus desejos, resolveram atende-la uma vez mais. Que mal haveria nisso? Afinal, ela era herdeira uma das herdeiras.
O carro do ano, foi adquirido, obedecendo-se rigorosamente cor e modelo que a pimpolha exigira. O motorista contratado, era um jovem elegante, escolhido a dedo pela agora mocinha de quase 17 anos.
Talões de cheque, cartões de crédito internacional e ações da firma, tudo em nome da garota que já se sentia dona do próprio nariz.
A garota sempre insatisfeita, queria sempre mais e mais. Porém, era incapaz de dizer, do que precisava. Foi então que o destino, a fez conhecer o seu namorado, no clube onde os dois jogavam tênis.
Namoraram se gostaram e se casaram.
Tiveram filhos, foram morar na Alemanha, terra dos pais de seu marido onde viveram quase felizes, até que voltaram para Sorocaba, Brasil.
Recordar é viver, diz o velho ditado, então vamos lá. Lembra? Vocês se conheceram quando ela voltou para o Brasil e quando ela com o marido procuravam um local para morar. Você era corretor da maior imobiliária da cidade e ela foi ver um apartamento para alugar. Aqui encerro meu relato anônimo.
Machadão fica pensando ... mas será possível?
Quem será essa mulher, que não consigo me lembrar?
Mas irei conhecer duela a quiem duela...
Doa a quem doer como dizia aquele ex ....
Sábado, 5 de março de 2003
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