Era uma vez um país de árvores bonitas, animais coloridos, praias maravilhosas e habitado por gente de todas as cores existentes no mundo. Lá tinha pessoas azuis, brancas, vermelhas, pretas, amarelas, marrons, verdes e tantas outras cores misturadas, que nem dava pra contar. Eram muito divertidos e gostavam de música, dançar, brincar entre as árvores e rolar na areia. A vida era cheia de coisas ruins, mas também tinha muita alegria. As crianças eram felizes. Estudavam, brincavam e comiam doces e frutas deliciosas.
Um belo dia apareceu por lá um homem com uma nova invenção. Era uma caixa retangular com uma tela de vidro na frente, onde se via desenhos animados, pessoas sorrindo, chorando, correndo e notícias. Parecia uma janela para o mundo inteiro. Nela todos viam gente de terras muito distantes.
As crianças achavam que era um cinema pequenino e adoravam assistir historinhas nela. Perguntaram ao homem o nome daquela invenção, daquela caixa mágica. O homem respondeu que era uma televisão.
A alegria da criançada aumentou com a tal televisão, ainda mais que com o tempo outros homens, donos de "caixinhas mágicas" foram aparecendo naquele país. E as crianças ficavam cada vez mais alegres. Enfim agora podiam assistir muito mais historinhas em vários canais diferentes.
Com o tempo os homens das televisões começaram a ganhar muito dinheiro, pois os donos de fábricas de balinhas, bombons e doces, assim como de sanduíches e brinquedos, descobriram que se pagassem para seus produtos serem divulgados nas televisões, as crianças faziam seus pais comprarem muito mais, aumentando seus lucros. Por isto, a disputa pela atenção das crianças aumentou, pois quem tinha mais audiência ganhava mais dinheiro dos donos das fábricas.
Um dia um dos donos de televisão colocou um palhaço no seu canal e foi o maior sucesso. No outro dia todos os outros donos tinham também contratado palhaços e em algumas semanas ninguém agüentava mais tanta "palhaçada" a toda hora. Depois, outro inventou de colocar jogos de futebol na sua caixinha televisiva. Mas no outro dia todos os outros donos já tinham também seus jogos na televisão. Encheu a paciência. Depois vieram as novelas, os filmes violentos, os programas de auditórios até que um deles teve a idéia de colocar homens e mulheres bonitos se agarrando, se beijando cada vez mais sem roupas. Bumbuns rebolando de forma estranha, gemidos...Em todos os canais que as crianças colocavam suas televisões era a mesma coisa... Alguns começaram a chamar aquilo de "bundalização", mas estranhamente as imagens também prendiam um pouco a atenção de todos. Principalmente dos irmãos mais velhos e dos adultos.
Os donos pareciam cada vez mais malucos aos olhos das crianças. Brigas foram surgindo no ar, gente doente chorando por cura, brigas, __porrada! __porrada! E por último surgiu o novo tipo de programa, onde se colocava algumas pessoas nas caixas de televisão e todo mundo ficava olhando pra vê-los fazendo cocô, xixi, conversarem bobagens, brigarem e brincarem de casinha com o edredom, quando acontecia algumas coisas que as crianças não entendiam muito bem.
Os pequeninos começaram então a não gostar daquilo. A achar esquisito e de mau gosto. Foram então, perguntar aos pais o que estava ocorrendo. Estes ficaram meio encabulados, pois no fundo não sabiam bem o que fazer. As crianças então resolveram tomar uma atitude e começaram a exigir aos donos das televisões, desenhos animados outra vez, historinhas de animais e programas novos e alegres. Queriam de novo a magia das caixinhas de televisão. Só que suas pequeninas vozes, não eram ouvidas. Até que um dia elas se juntaram e combinaram: Se os programas de que gostavam não aparecessem na TV, não iam mais ligar os aparelhos pra dar audiência! Os donos continuaram a ignora-las e não acreditaram, que elas iam agir de verdade. Então um belo dia as crianças não ligaram as televisões. A audiência caiu e os homens das fábricas não quiseram pagar aos donos das televisões, que ficaram desesperados e perderam um monte de dinheiro. A gurizada então mandou outro recado:__ "Senhores donos de televisão, nós já mostramos que quando queremos não somos de brincadeira. Se não voltarem a passar nossos programas preferidos, nós vamos ficar vários finais de semana sem assistir suas caixinhas"! Os donos vendo que a criançada estava unida e disposta a aumentar o boicote à sua programação, ficaram tremendo de medo e mudaram os programas, que ficaram muito mais bonitos e cheios de historinhas maravilhosas. As televisões ficaram de novo caixinhas mágicas e as crianças voltaram a se divertir com alegria, a ser crianças de verdade e sonhar com um mundo mais feliz para todos.