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Infantil-->JUNA & GABRIELA aS CONTADORAS DE HISTÓRIA 1 -- 02/03/2003 - 16:58 (joemil de sousa e cunha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
JUNA E GABRIELA

As Contadoras de Histórias 1
(Na minha turma tem...)

Joemil de Sousa & Gabriela Cunha




Antes mesmo de dar bom dia
Gabriela já dizia:
-Tenho histórias pra contar!
Juna ,sua irmã, que sempre a ouvia,
se preparava pra escutar.

Novidades, verdades, enfim,
histórias que gostavam de inventar,
com começo , meio e fim
Juntas, passavam o tempo,
catando exemplos, estudando fatos,
criando atos, ,
vivendo histórias de todo jeito,
Com música, com dança,
e principalmente com criança
Com parte, com arte, com caso e por acaso
com elementos plásticos:
papéis, massas e elásticos,
com tudo que mude de forma
sem mais nenhuma norma,
que não seja fazer o que se deseja.
Transformar com magia,
ao som de notas musicais,
formas e figuras,
em outras criaturas geniais.
Sem obedecer esquemas,.
escrever poemas, tendo como tema
o romance e o amor,
contando todo o lance com muito humor,

Ah! Histórias de terror
Que horror!
Bicho sem cabeça, vomitando fogo
babando besteira.
Que nojeira!

Histórias de animais, de fazendas, de roça.
Minha nossa!
Quantas histórias tinham pra contar.

Inventavam histórias felizes
de viajar por muitos países,
de povos contentes,
de diversos continentes.

Juna pegava o lençol e o cabo de vassoura
fazia o mastro e a vela de sua caravela
pra velejar a todo pano
por mares e oceanos.
Visitavam istmos e ilhas,
maravilhas cercadas
de águas e destinos.

Conheciam o mundo de norte a sul,
de leste a oeste, como num teste de geografia,
onde só valia velejar rumo à fantasia

Gozado, nessas histórias,
Não tinha pirata à cata de tesouro
ganchos, nem potes de ouro.
Mas tinha muito de expedição,
de pesquisas, ficção, em busca de diversão.

Ensaiaram uma dessas histórias
e levaram pra escola
Na sala de aula, resolveram representar
pra toda turma poder participar

e logo logo, de perna e pés para o ar
carteira e cadeiras, mudavam de lugar,
com muito brilho, para se transformar,
em bombardilhos, proas e convés.
Elegeram marujos, grumetes, marinheiros,
timoneiros e capitães.


Aí começou a zoação,
pois de início, Vinícius ao tentar se desviar
do condecorado capitão, causou-lhe um tropeço
e abraçado ao sargento, os três foram parar no chão.
coro de vozes veio forte e afinado:

“Cego, ceguinho, cegueta
Quatro-olho, lente de luneta!?.”

A cena sempre se repetia,
qualquer fosse a hora do dia,
qualquer que fosse a ocasião.
Vinícius e seus óculos
sempre esparramados pelo chão

A turma era boa e a solidariedade existia.
Bem depressa, sem querer conversa,
Leonardo - o zangado - corria pra lhe socorrer
de pé, ajeitando os óculos, Vinícius sorria.
E, de pronto, mexia com a Roberta,
menina esperta, por quem se derretia:
-Vamos fazer um dueto?-
ela já sabia. Aceitava -. E ele então dizia:

- Me dá um beijo?!...
Me dá um abraço?!
Me faz um amasso no cabelo pra enfeitar!
Ela respondia
- Me leva pro infinito
prum lugar bem mais bonito,
só pra gente conversar.

Ele retomava:

- Me dê a mão
Me dê o braço
Me dá um abraço
Me faz no laço
um sorriso desepertar

Os dois juntos, no mesmo assunto:

- Me leva pro infinito
prum lugar bem mais bonito,
só pra gente observar.
Ouvir os pássaros
com seus hinos de amor,
por entre margaridas,
quero-quero ser beija flor

- Me leva pro infinito
prum lugar bem mais bonito,
só pra gente namorar.

A turma em delírio, gritava:

- Beija! Beija! Beija! Beija!

Nesse momento, pra tormento de todos,
com ar de austeridade, entrou a professora, na sala de aula.
A turma em declínio, exclamou:

- Tia Paula!

Antevendo a briga
Gabriela e sua amiga Stela,
recolheram a vela, de lençol e vassoura.
Toda turma se moveu, recompondo a sala.
Esperaram a bronca da professora.
Sisuda, em pé, parada, observava a cena
como um vigia de cinema

- QUE BAGUNÇA É ESSSSAAAAA!!
(a professora era do tempo em que gritar, significava mandar)

O grito ecoou pelos quatro cantos da sala,
da escola, da rua, do bairro,
do município, do estado, do país,
do continente, do hemisfério,
do mundo... do universo.

Como num verso desenhado,
tudo que vai, na certa um dia volta
e tudo que se prende, um dia solta.
A turma cabisbaixa, já abatida pelo grito
viu Brito, o mudinho, se elevar, ,
até então o mais calado, resolveu falar:

- Pro-pro...Pro...pro... Pro...pro

Silêncio geral

- Pro-pro... .Pro...pro - retomou fazendo esforço -
...pro...pro... pro...pro

- Professora! - exclamou toda turma ajudando

- Pro - problema é --é -é- é o se-seguinteeeee
eu mi-mi gei
A professora toda espantada
- Você o que?
- Eu mi-mi gei...mi-mi gei
- E não tem vergonha, não?! - disse ela berrando
- Eu-eu mi-mi geiei, di-di- ge-ge-la-la-do,
com-com se-seu gri-gri-to-to assu-ssus-tado.

Uma gargalhada engraçada explodiu
lá do final. Era do Amaral, o anti-social.

O sinal tocou anunciando a hora do recreio
e turma toda com receio, se retirou para o pátio

Gabriela anotou na sua agenda
pra próxima história:
Na minha turma tem...

Depois começou uma aula diferente
que motivava muita gente.
Era da tia Ana, que trabalhava,
com gana e alegria e por isso fazia o que queria.

A aula ia ser ali mesmo.
Distribuiu a esmo,
vários elásticos coloridos.
Logo se fez uma brincadeira
com o elástico preso as pernas de duas pessoas,
pra que outros, numa boa,
pulassem pra dentro e pra fora,
com um pé e até depois com dois.
Até que numa hora, ela disse:

- Vamos construir uma história.
Criação coletiva. Participante.
História viva.

O movimento fantástico
de formas geométricas no elástico,
começou com três alunos;
formaram o triângulo,
depois com quatro o retangulo,
e igualando os lados, o quadrado
com cinco, o pentágono,
com seis, o hexágono
até não ter nem ângulo e nem ponta
e dar como pronta
a ciência de uma circunferência. -


Na minha turma tem...

Na minha turma tem
apelidos de chamar também:
tem a gordinha e a magricela
tem a calada e a tagarela
Tem a lerda e a afobada
tem a quietinha e a levada

Tem o gordo, tem o magro
tem o triste e o engraçado
tem alegre e o zangado
tem o briguento e o limpinho
Tem o bundão e o espertão

Tem o nojento e o sujinho
Tem o fedorento e o cheiroso
Tem o sincero e o mentiroso

E por falar em mentira,
deixe-me contar:

-Verdades e mentiras
pernas curtas tem
você é quem escolhe
a que melhor convém

Verdade é sincera
e a gente sempre espera
com um sorriso mais além

Mentira é o que falta,
o que não acontece,
e a gente se entristece
quando ela vem.


Na minha turma tem
nomes de apelidos também
Ana Timtim, Bete Jasmim
Paulo Quadrado e o José Calçado
Eta gente de nome engraçado!

Na minha turma tem
nomes gozados também
Aonde já se viu
alguém se chamar Joemil.
(nota da autora)
- Deve ser apenas um fato,
pois existem formas mais belas,
dentre elas: Junas e Gabrielas.
(nota do autor)

Depois de dar boa tarde
Juna, com muito alarde dizia:

- Agora é minha vez:

Era uma vez, o Luis,
que só vivia com o dedo enfiado no nariz.
E assim, enfrentava uma batalha
de onde saía vencedor, afinal,
de posse de uma medalha,
que esfregava no peito,
medalha de general.
General de mais uma batalha.
Batalha nasal.

Um dia Thiago flagrou Luis
com o dedo espetado no nariz.
E ele mexia, mexia, mexia,
remexia, de revirar os olhos
e sorria feliz.
Thiago então perguntou:
- Vai ter festa?!
E ele respondeu:
- Claro que vai,
Tô tirando o convite ,
pra você e pro seu pai


- Ah! É assim?
Deixa pra mim - intercedeu Gabriela,

Era uma vez
uma menina de nome francês: Marrie-Ines,
que tinha um problema sério: mau hálito.
Por isso, não arranjava com quem ficar
Perguntava sempre o que fazer.
Até que uma amiga lhe disse:
-Fácil, fácil. Basta você ir lá na cantina
comprar 10 chicletes de hortelã e ficar mascando.
Quando a sua paquera passar, voce fala. Ele nem vai notar.
E assim ela fez.
Quando Ivã, o seu galã, passou, ela o chamou e disse:
- Adivinha o que estou mastigando?
E ele mais que apressado:
- Ovo estragado.


De noite, na hora da novela,
Gabriela dizia:

- Juna, vem ver o nosso galã!?

Juna com os olhos no amanhã, respondia:

- Que bonitinho! Parece o Paulinho, da sala de lá.


Começaram a escrever
uma reportagem
que sonhavam ver, um dia na TV

Era sobre Vinícius, o cegueta,
e os seus óculos, de lentes de lunetas.
Não havia no enredo o medo de dizer
que podia ver, como toda gente,
através das suas lentes,
sem dor, sono ou ansiedade de olhar,
a verdade de enxergar.

Era noite e na despedida, as duas diziam:
- Temos histórias pra sonhar.
- Bons sonhos, Juna.
- Bons sonhos, Gabriela.

FIM
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