Meu filho veio para cá hoje, e por um tempo ficamos juntos. Ele está ficando cada dia mais lindo. Está ficando um pouco com vergonha de dizer as coisas carinhosas de antes, e comecei a brincar com ele.
Enquanto ele estava vendo televisão, eu vim para cá ver meus emails, e comecei a desenhar algumas coisas e jogar para ele em pedaços de papel. Ele gostou e começou a fazer o mesmo com um avião e bolas amassadas como eu havia jogado nele. Cada vez que arremessava um ele ficava todo feliz em ver o que tinha naquele espaço em branco.
E ficamos assim por um bom tempinho. Veio me abraçar, me beijou. Continuou a pedir mais papel. Até que o pai dele veio aqui e na última, ele desenhou meu rosto e o dele, uma linha nos ligando e um coração.
Não tive coragem de me despedir. Caminhei para o quarto.
Fui descansar e agora, na sala fui olhar os rabiscos que ele deixou. Coelhos de páscoa, eu de novo, outros que ele rabiscou , pois achou que não estavam bem feitos. E comecei a chorar por saber que foram formas de dizer que nos amamos. Disse certo dia que queria poder desenhar como eu, e está conseguindo bem para sua idade.
Espero que um dia possamos nos falar como grandes amigos. Que ele possa entender melhor sua mãe. E que até lá eu tenha aprendido mais formas de dizer que a vida , apesar dessas controvérsias, seria meio que vazia se não tentássemos tirar uma moral da estória.
A que tenho agora, é que eu cresci e ainda continuo com meu lado criança, que consigo dizer mais quando amo, me abrir quando preciso. Perguntar sobre algo que me deixa confusa ao invés de ficar remoendo aqui dentro. Não deixar que a mágoa tome conta de mim e nem ficar brigando comigo mesma.
É uma fase difícil para mim, mas que se eu superar, nada vai me derrubar. E tenho que continuar a pensar dessa forma...
