HISTORIAS INFANTIS
(Também para relembrar o nosso tempo de criança)
VIRA-QUE-TE-VIRA
O feiticeiro Zanzagum tinha um gato muito engraçado, de olhos saltados, bigodes azuis – sim, senhor, bigodes azuis! – um nariz de bolota plantado no meio da cara gorda. A boca do gato ia de orelha a orelha e os dentes, pontudos, estavam de fora; parecia que o gato do feiticeiro estava sempre sorrindo, por isso foi chamado de Risonho.
Zanzagum não tinha muita paciência com seu gato, porque o animal atrapalhava as suas magias. Quando o feiticeiro transformava um inimigo em sapo, o gato colocava, escondidamente, umas asas de borboleta na poção mágica, o sapo criava belas asas coloridas e saía voando, feliz da vida, para bem longe. Vendo a alegria do inimigo, o feiticeiro ficava bravo com o seu gato que, matreiro, alisava os bigodes, abria mais o riso e saía lampeiro.
Moravam os dois numa gruta na escura montanha de Kadum. Você sabe onde fica? Nem eu!
Perto da montanha havia uma floresta onde morava a feiticeira Marixá. Ela e Zanzagum eram inimigos mortais e até seus animais – Marixá possuía dois horríveis corvos – viviam às turras, isto é, brigando como cães e gatos. Fosse dia de sol radioso ou noite clara de lua, quando os dois se encontravam, cada qual com seus animais, a coisa pretejava. Voltavam todos para suas grutas transformados em aranhas, ratos, escorpiões e tinham um trabalho danado para desfazer o encanto.
Uma noite o feiticeiro e a feiticeira, cada qual em sua caverna, tiveram idéias monstruosas e, para eles interessantes. Iriam se enfrentar num duelo de feitiçarias. Como tinham poderes fora do normal, usaram a telepatia – transmissão do pensamento – e marcaram um encontro para a próxima sexta-feira , que é o dia das bruxarias. Até lá inventara as poções mais perigosas e extraordinárias. Zanzagum resolveu transformar a feiticeira em um foguete e mandá-la para a lua e Marixá pensou em transformar o feiticeiro em uma pedra de gelo e deixá-lo derreter-se ao sol. Riram os dois com os seus planos.
Enquanto isso, o gato Risonho recortava, calmamente, figuras de seu livro de histórias.
Quando os dois inimigos se encontraram, começaram imediatamente a preparar as poções mágicas, entre palavras estranhas e gestos esquisitos. Os corvos, nervosos, voavam em volta, enquanto o gato dobrava, bem dobradinhas, duas figuras recortadas do livro e, no momento em que os dois magos diziam seus sortilégios e reviravam pela última vez seus caldeirões, Risonho jogou, disfarçadamente, seus papeizinhos dentro de cada um deles.
Na hora em que trocavam as bebidas fumegantes e, ao mesmo tempo. as tomavam: Pum! Zanzagum se transformou num maravilhoso príncipe e...Pum! Marixá virou uma belíssima princesa.
Você pode imaginar o final da história? Isso mesmo, os dois se apaixonaram, se casaram e partiram para viver felizes, num lindo castelo.
E Risonho? Transformou os dois corvos em pombas brancas e passou a ser o feiticeiro mais famoso e alegre do mundo, mudando cobras em borboletas e plantas daninhas em roseiras.