Fúrias
— Minhas Fúrias estão ficando velhas e cegas. Eu preciso de novas. Disse Plutão — deus do Inferno — a Mercúrio, o mensageiro dos deuses. "Por isso, vá e escolha para mim três mulheres competentes para isso na superfície da Terra."
Mercúrio partiu.
Logo após, Juno — esposa de Júpiter, deusa da fecundidade, da força vital, do nascimento, das mulheres e do casamento — disse a sua serva:
— Procure com fé, Íris, e ache entre os mortais duas ou três moças completamente austeras e de pudor. Mas completamente austeras, você me entende? É para desmentir a fala de Kithara — a deusa das largadas, desquitadas e divorciadas — que se gaba de ter dominado todo o sexo feminino. Vá e fique quanto precisar, até que você as encontre.
Íris partiu.
A bondosa Íris vasculhou a Terra inteira, mas, nada, foi tudo em vão. Voltou completamente só, e Juno foi ao seu encontro:
— Que vejo, oh Castidade, oh Virtude?
— Minha Deusa, disse Íris, "eu gostaria de poder lhe trazer três moças completamente austeras e recatadas, que nunca sorriram para um homem, cujos corações apagam a menor faísca de Amor. Mas, infelizmente, cheguei tarde demais."
— Tarde demais? Perguntou Juno. "Como assim?"
— Mercúrio, um pouquinho antes, já as havia apanhado para Plutão.
— Para Plutão? E o que quer Plutão fazer dessas virtuosas?
— Suas novas Fúrias: Alecto, Megera e Tisífone, divindades infernais, para personificarem o remorso dos criminosos e a vingança dos deuses.