A estrelinha Tlim Tlim
Num certo lugar do céu mora uma estrêla muito bonita, como um candeeirinho que Deus aí pôs para iluminar aquele sítio. A estrelinha Tlim Tlim ia fazer anos e os amigos resolveram oferecer-lhe a festa mais bonita que ela podia imaginar. O senhor Cometa mais o senhor Vento foram encarregados de levar os convites porque andam muito depressa e conhecem todos os caminhos do céu. No dia do aniversário da Tlim Tlim havia muito movimento no espaço, com os convidados que chegavam de toda a parte.
As pessoas na Terra que olhavam para o céu naquela noite pensavam que havia uma chuva de estrêlas e quando as viam passar, benziam-se e diziam: "Deus te guie".
Os meninos ao verem uma noite tão diferente e tão bonita pediram aos pais que os deixassem ficar na rua por mais algum tempo e, coisa estranha, os pais consentiram, muito sorridentes.
À medida que os convidados da festa iam chegando, entregavam as prendas à estrelinha Tlim Tlim. Eram abraços das Ilhas Atlânticas, flores dos desertos de Angola, sorrisos de Portugal, missangas de Moçambique, um leque feito com palmas das palmeiras do Brasil. O senhor Frio entrou e abraçou a estrelinha Tlim Tlim que ficou a tremer. Mas felizmente chegou o senhor Calor da Guiné, que deu um beijo grande e quente à estrelinha Tlim Tlim. Quando a Lua chegou, toda sorridente, com um vestido bordado com espuma do Mar, com os cabelos penteados pelo senhor Vento, todos olharam para a prenda que levava. Era um frasco muito pequeno e com um laço cor de rosa que brilhava como ouro e que deixava um rastro no ar como se fosse um cometa. A senhora Lua explicou que era um perfume que lhe tinha sido dado por uns homens da Terra, quando em tempos a tinham visitado. Todos se lembravam da primeira viagem à Lua, pelos habitantes da Terra, e quiseram pôr um pouco de perfume. Na confusão caiu uma gota de perfume em São Tomé e Príncipe e dizem que, até hoje, as montanhas de lá conservam aquele cheiro.
Entretanto já era noite alta e o senhor Sol, encarregado de fechar a festa, avisou que estava na hora de cada um ir para sua casa, porque ia começar um novo dia no outro lado do mundo. As estrêlas e os planetas, os cometas e o vento, as nuvens e o orvalho, o calor, o frio e a neve e todos os convidados que estavam a dançar, rodearam a estrelinha Tlim Tlim e despediram-se dela cantando o "parabéns a você", tocado pela senhora Chuva e sua Orquestra.
Rezam as crônicas que naquela madrugada choveu abundantemente em Cabo Verde.
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CARLOS CUNHA/o poeta sem limites
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