A ovelha branca
Aquele era um rebanho lindo!
Todas as ovelhinhas bem pretinhas.
Moravam todas juntinhas num vale cercado para não se misturar com as ovelhas de outras cores.
Eram todas iguaizinhas. De longe, ninguém sabia quem era quem.
De perto também.
Todas andavam igual.
Pensavam igual.
Falavam igual.
Só um medo pairava sobre aquele rebanho: o nascimento de uma ovelha branca, diferente.
O chefe do rebanho, a ovelha mais velha de todas, sempre falava que bastava uma ovelha branca para perturbar todo um rebanho pretinho.
Foi por isso que dona Lulu, uma linda ovelha preta, quase desmaiou quando pariu uma ovelhinha branca:
- Veja o que me aconteceu, marido. Que horror! A quem será que ela saiu?
O seu marido ficou mudo de susto.
O problema cresceu. Num instante, o rebanho todo sabia que tinha nascido uma ovelha perigosa - branca.
Enquanto o rebanho mastigava, ruminava o problema, dona Lulu cuidava da sua filhinha, da sua ovelhinha.
Mas foi aí que apareceu a ovelha chefe do rebanho, balindo furiosa:
- Onde já se viu, dona Lulu, fazer isso conosco? Como a senhora ousou ter uma filha diferente, branca?
Dona Lulu, ovelha que era, virou leoa, fera.
Arreganhou os dentes:
- Ousei fazer isso e vou fazer muito mais. Vou fazer a minha trouxa e vou procurar um rebanho onde cada um possa ser do jeito que é.
Dona Lulu assim fez. Chamou seu marido e foram andando.
Mas, quando olharam para trás, viram que todo rebanho vinha andando também.
Com a força de todo rebanho, elas derrubaram as cercas e se misturaram com as ovelhas de outras cores dos outros vales.
E o vale ficou todo malhado, com ovelhas brancas e pretas misturadas, balindo contentes da vida.
a.d.
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CARLOS CUNHA/o poeta sem limites
dacunha_jp@hotmail.com |