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Infantil-->João e o Pé de Feijão (contos do folclore internacional) -- 09/09/2005 - 06:52 (CARLOS CUNHA / o poeta sem limites) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos















João e o Pé de Feijão

(contos do folclore internacional)








Ela tinha um único filho, muito rebelde e extravagante. Aos poucos, ele gastou todo o dinheiro que ela possuía. Um dia, censurou-o:

- Filho malvado! Não tenho mais dinheiro nem sequer para comprar um pedaço de pão. Só o que me resta é a minha pobre e velha vaca.

João amolou a mãe para vender a vaca e ela acabou consentindo. Quando ele ia levando o animal, encontrou um açougueiro que lhe propôs trocar a vaca por uns grãos mágicos de feijão que ele levava no chapéu.
João, julgando ser uma grande oferta, aceitou a proposta. Quando sua mãe viu os feijões por que ele havia trocado a vaca, perdeu a paciência. Apanhou os grãos de feijão, atirou-os para fora da janela, e pôs-se a chorar. João tentou consolá-la, mas não o conseguiu. Como não tinham nada para comer, foram deitar-se com fome. No dia seguinte, João acordou cedo e viu que alguma coisa estava fazendo sombra na janela de seu quarto. Levantou-se e foi ao jardim. Aí verificou que os grãos que sua mãe havia atirado pela janela tinham germinado e o pé de feijão crescera surpreendentemente. As hastes eram grossas e tinham-se entrelaçado como uma trança. Estavam tão altas, que davam a impressão de alcançarem as nuvens. João, que gostava de aventuras, resolveu trepar na árvore que se formara, até atingir o alto.
Depois de algumas horas subindo, chegou a um país estranho. Ali encontrou uma bonita moça, com sorriso encantador, que lhe perguntou como havia chegado lá .

- Você se lembra de seu pai? perguntou-lhe a moça.

- Não! Mamãe sempre chora quando falo nele e não me diz nada, respondeu ele.

- Sou a fada protetora de seu pai. As fadas estão sujeitas a leis, como os homens, e quando erram perdem o seu poder por alguns anos. Eu estava incapaz de ajudar seu pai quando ele mais precisou de mim e por isso ele morreu.

A fada parecia tão triste que João, comovido, pediu-lhe que continuasse a falar.

- Seu pai era muito bondoso, continuou ela. Possuía uma boa esposa, empregados fiéis e muito dinheiro. Teve, porém, um amigo falso, um gigante que ele havia ajudado e que o matou, roubando tudo o que ele tinha. Ele fez sua mãe prometer que nunca lhe contaria nada, sob pena de matá-los também. Eu não pude ajudá-la. Meu poder só reapareceu no dia em que você foi vender sua vaca. Fui eu que fiz você trocar a vaca pelos feijões e o pé de feijão crescer tão depressa. O malvado gigante vive aqui e você deve livrar o mundo deste monstro. Pode apossar-se legalmente de sua casa e de suas riquezas, porque tudo pertencia a seu pai e é seu, mas não deixe sua mãe saber que você está a par desta história.

João perguntou-lhe o que devia fazer:

- Vá seguindo por esta estrada até encontrar uma casa grande, parecida com um castelo. É aí que o gigante vive. Aja de acordo com seu próprio modo de pensar. Boa sorte!

A fada desapareceu e João caminhou até o sol se pôr. Com alegria, avistou a casa do gigante.
Uma mulher de aparência simples estava à porta. Ele pediu-lhe um pedaço de pão e um lugar para dormir. Ela ficou muito surpresa e disse que não era comum aparecer ali um ser humano. Seu marido, um gigante poderoso, não gostava de pessoas rondando perto de sua casa e ficava muito bravo... João ficou amedrontado, mas insistiu para que ela o deixasse passar a noite lá, escondendo-o do gigante. Finalmente, ela concordou. Entraram e ela lhe deu de comer e beber. De repente, ouviram uma batida forte na porta, que fez a casa estremecer.

- É o gigante, disse a moça. Se ele o vir aqui, matará você e a mim também. Que farei?

- Esconda-me no forno, pediu João.

O forno estava apagado e João entrou nele bem depressa. De lá, ouvia o gigante gritar com a mulher. Depois de muito brigar, o gigante sentou-se à mesa. João espiou por uma fenda no fogão e ficou horrorizado ao ver a quantidade de comida que ele ingeria. Quando terminou, virou-se para trás e gritou para a sua mulher, com uma voz de trovão:

- Traga a minha galinha!

Ela obedeceu e colocou sobre a mesa uma bela galinha.

- Ponha um ovo! ordenou ele.

Imediatamente, a galinha pôs um ovo de ouro.

- Ponha outro! continuou ele.

Cada vez que assim ordenava, ela punha um ovo maior do que o outro. Durante muito tempo, assim se divertiu com a galinha. Depois mandou a mulher para a cama e sentou-se perto da lareira, onde adormeceu, roncando alto.
Assim que ele dormiu, João saiu do forno, agarrou a galinha e fugiu com ela. Correu pela estrada até encontrar o pé de feijão, pelo qual desceu rapidamente.
Sua mãe ficou cheia de alegria ao vê-lo. Ela pensava que lhe tivesse acontecido alguma coisa. Ele lhe contou toda a aventura, sem todavia falar no nome do pai. Mostrou-lhe a galinha, à qual ordenou várias vezes:

- Ponha um ovo! e ela pôs quantos ovos ele desejou.

Vendidos esses ovos, João e sua mãe ficaram com tanto dinheiro, que viveram felizes por muitos meses.
Um dia, ele resolveu fazer nova visita ao gigante, a fim de trazer mais riquezas. Arranjou uma roupa que o disfarçava e pintou o rosto com uma tinta escura. Levantou-se muito cedo, antes que a mãe acordasse e subiu pelo pé de feijão. Caminhou o dia todo e chegou à casa do gigante ao escurecer. Encontrou a mesma mulher à porta e pediu-lhe comida e um lugar para dormir. Ela lhe contou que o marido era um gigante poderoso e cruel, e que um dia, ela dera abrigo a um menino pobre e faminto que, ingrato, roubara um dos tesouros do gigante. O marido culpara-a por isso e, desde então, começara a maltratá-la. João teve pena dela, mas insistiu. Ela levou-o à cozinha e, quando ele acabou de comer, escondeu-o num armário. O gigante chegou à hora de costume. Sentou-se junto à lareira e gritou:

- Mulher, sinto cheiro de carne fresca.

A esposa respondeu-lhe que os corvos tinham deixado um pedaço de carne crua no telhado. Enquanto ela preparava a ceia, ele esteve de mau humor, frequentemente culpando a esposa pela perda da galinha. Afinal, quando terminou a refeição, gritou:

- Quero alguma coisa para me distrair. Traga meus baus de dinheiro. Vou colocar meu ouro em sacolas, pois amanhã vou encher os baús com pedras preciosas que vou apanhar acolá.

A esposa trouxe-os, com dificuldade, porque estavam muito pesados. Eram dois, cheios de moedas de ouro. Ela despejou-as na mesa e o gigante começou a contá-las com alegria.

- Agora, você pode ir para a cama, disse ele, e a mulher se retirou.

De seu esconderijo, João via o gigante contando as moedas que tinham pertencido a seu pai e desejou possuí-las. O gigante retirou as moedas e colocou-as em dois sacos. Amarrou-os bem e colocou-os ao lado da sua cadeira. Seu cachorro estava ali de guarda. Daí a pouco, o gigante adormeceu e começou a roncar. Então, João saiu do esconderijo. Quando ia segurando os sacos de dinheiro, o cachorro pôs-se a latir. João parou, mas o gigante continuou a dormir profundamente. Neste instante, João viu um pedaço de carne e atirou-o ao cão, que parou de latir na hora. O menino aproveitou a ocasião para carregar as sacolas de moedas, colocando-as uma em cada ombro. Eram tão pesadas, que ele levou dois dias para descer pelo pé de feijão. Quando chegou em casa, deu à mãe todo o dinheiro. Eles estavam felizes e ricos como nunca!
Durante três anos, João não visitou o gigante. Um dia, porém, começou a preparar-se para nova viagem. Arranjou um disfarce diferente e melhor do que o usado da última vez. Em uma manhã bem cedo, sem dizer nada à mãe, subiu pelo pé de feijão, chegando à casa do gigante ao anoitecer. Como de costume, encontrou a mulher em pé, na porta. João estava tão bem disfarçado que ela não o reconheceu. Mas, quando se disse muito pobre e faminto, encontrou grande dificuldade em ser admitido. Depois de muito insistir, conseguiu que ela o escondesse num caldeirão grande de cobre. Quando o gigante chegou, disse furioso:

- Sinto cheiro de carne fresca!

Apesar de todas as desculpas que a esposa lhe dava, pôs-se a revistar tudo. Quando o gigante chegou ao caldeirão e pôs a mão na tampa, João considerou-se morto. Mal ele começara a levantar a tampa, mudou de idéia, deixando-a cair. Foi sentar-se perto da lareira, para devorar a grande ceia. Quando acabou, mandou a mulher trazer-lhe a harpa. João espiava pela tampa do caldeirão. O gigante colocou-a sobre a mesa e disse:

- Toque!

Imediatamente ela começou a tocar uma linda música e João desejou apoderar-se dela. O gigante não era apreciador de música e dormiu mais cedo do que de costume. João saiu do caldeirão, pegou a harpa e saiu correndo. Entretanto, a harpa era encantada e, assim que se viu em mãos estranhas, pôs-se a gritar alto:

- Patrão! Patrão!

O gigante acordou, levantou-se e viu João correndo.

- Foi você quem roubou minha galinha, meu dinheiro e agora vai levando minha harpa! Espere aí que eu vou pegá-lo e fazer picadinho de você! - ameaçou ele em seu vozeirão de trovão.

- Experimente! - desafiou João.

Ele sabia que o gigante havia comido tanto que mal podia ficar de pé, imagine correr atrás dele. Num instante, João chegou ao pé de feijão e desceu o mais depressa que pode. Chegando em casa, encontrou sua mãe chorando. Ele a consolou e pediu-lhe que fosse buscar, depressa, uma machadinha. O gigante já vinha descendo e não havia tempo a perder. João cortou o pé de feijão bem na raiz. O gigante caiu de cabeça no jardim e morreu imediatamente. Nesse momento, apareceu a fada que explicou tudo à mãe de João e eles viveram felizes e ricos para sempre...






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