Entre todas as aves, a que mais admiro e aprecio - gosto mesmo sem mais - é o pato. Então, se forem patarrecos pequeninos, fascino-me e enterneço-me às nuvens.
O meu gosto tem uma origem? Ah, pois tem.
Em miudito, por volta dos três anos, meu progenitor apercebeu-se que eu ficava maravilhado com os patos que nadavam no lago do jardim onde ele me levava a passear. Um dia, trouxe-me um para casa. Era amarelinho, uma ternura. Minha mãe, no pátio exterior, fez-lhe um ninho com uma caixa de cartão.
Às vezes, de noite, quando meus pais já dormiam, eu levanta-me e pé ante pé ia buscá-lo para trazê-lo para a minha cama. No quintal, a brincar carinhosamente com ele, lá ia eu à frente e ele atrás ou vice-versa.
Num dado fim de semana, meu pai contratou um trabalhador para fazer um pequeno lago. Logo adiante, comprou no mercado uma linda patinha preta. Ambos cresceram, amaram-se, e minha mãe foi guardando os ovos religiosa e cuidadosamente.
No momento azado, com palha de trigo, foi feito um ninho, colocaram-se lá os ovos e a patita alapava-se gostosamente sobre eles.
Oh... Que esplendor o meu, quando os primeiros patitos começaram a sair da casca dos ovos e ao tentarem soerguer-se tombavam.
Não vale a pena, pois, explicar mais porque gosto imenso de patos e nunca comi fosse o que fosse que incluisse pato na culinária.
É, gosto de patos, mas só de patos a sério. |