Número do Registro de Direito Autoral:131103327279766000
(Aos meus irmãos e irmãs, que foram cúmplices de infância.)
Eu me lembro muito bem.
Era criança.
Minha Terra,
ainda estava
florescendo.
Tinha aqui uma ruazinha,
Ali uma picada para cortar o caminho
No potreiro dos vizinhos.
Cortavam-se árvores,
para aumentar
a cidade,
Para construir casas
e para fazer novas
roças.
Meu pai e meus irmãos
mais velhos,
Providenciavam
um cavalete,
E nele instalavam
o tronco
de lenha
Para ser serrado.
Nós, crianças pequenas,
Sentávamos no tronco,
para mantê-lo equilibrado
Enquanto a serra ia
e vinha
Cantando de alegria!
Era pura magia!
Eu olhava para a serra,
E ficava hipnotizada
com a música
Que dela saía.
Estávamos brincando
E ao mesmo tempo,
Ajudando os nossos pais.
A serragem que caía,
Era a nossa alegria.
Paz, alegria e faceirice,
Naqueles tempos tão simples.
Hoje, ainda cortam árvores,
Mas, de um jeito
diferente.
Já não é mais
a serra
Já não é mais o
machado
Que canta nos nossos ouvidos
Serrando e cortando
lenha
Para o progresso da vida.
Hoje, cortar e serrar lenha,
É sinônimo de
devastação,
E o ronco que se ouve,
É o grito da motoserra
Ecoando, cheio de dor,
Nos nossos ouvidos
de adultos.
Mas a música da minha alma,
Ainda é a mesma, da infância:
- Lenha, lenha...lenhador
- Serra, serra, serrador.
- Vou serrar um tronco de lenha
- Pra fazer o meu foguinho
- E aquecer o meu coração.