João, um menino de oito anos, mora mais na casa dos avós do que na sua própria casa, pois seus pais saem cedo para trabalhar e seu irmão Gabriel fica durante todo o dia em uma creche da cidade.
Nessa casa além de seus avós mora também sua bisavó e um tio adolescente. Com eles, João passa quase toda a semana. Pela manha faz os deveres da escola, vê programas de televisão, joga no computador e faz desenhos muito bonitos, pois tem grande facilidade para desenhar.
Bê, Dolly e Jully eram os cães que lhe faziam companhia em suas brincadeiras no quintal. Todos da raça poddle, sendo Bê o mais velho, maior e preto, Dolly era branquinha (toy), bem pequena e também bem velhinha. A mais novinha é Jully é uma cadelinha champanhe.
Certa manha na área de casa, os cães não paravam de latir.
D. Ivone (a bisavó de João) correu para ver o que estava acontecendo e logo viu uma gata fugindo para o fundo do quintal procurando ficar em um lugar elevado longe do alcance dos cachorros.
João também presenciou várias vezes a gata sair em disparada depois do ataque dos cachorros.
- Essa gata não pode vir aqui perturbando (dizia D.Ivone).
Já temos bichos demais fazendo bagunça nesse quintal e agora vem essa gata querendo comer a ração dos cachorros e criando toda essa confusão.
- D. Carmem (avó de João), também reclamava e enxotava a bichana atrevida que vinha no quintal comer a comida dos cachorros.
Ninguém a maltratava, mas espantava jogando água fria que não fazia a gata se afastar por muito tempo.
Sr. Paulo, avô de João, é mais compreensivo, e diz que se a gata vem comer ração de cachorro é por que está com fome, e comprar mais um pouquinho de ração não vai fazer diferença, afinal a bichana tem fome.
Mas D. Ivone é mais severa. Ela diz: - Se a gata comer vai virar moradia da casa e logo-logo virão gatinhos, filhos da gata que já deve estar esperando filhotes, e mais, gato não se dá com cachorro.
- O tempo foi passando e não se ouvia mais aquela algazarra no quintal.
Certo dia, quando o Sr. Paulo foi ao quintal, ficou surpreso.
- A gata estava abaixadinha e os cachorros lhes davam algumas mordidinhas sem machucá-la. Ela por sua vez, ficava quieta, quase imóvel para não demonstrar medo e nem despertar a ira dos cachorros. Mas a surpresa maior foi quando ele pode ver mais de perto, que ali não estava uma gata e sim um gato.
Com a notícia do sexo do animal D. Ivone ficou mais aliviada.
- Menos mal! Pelo menos não vamos ser surpreendidos com filhotes e não vamos ter que aturar “gata namorando”.
Passado algum tempo, o gato já faz parte da família. Ganhou o nome de GIBI e ficou amigo do Bê, o cão de quintal (Só ele e o gato não entravam em casa). A convivência entre cachorros e gato ficou harmoniosa e o Sr. Paulo comprou ração de gato, mas o bichano não aprovou. Preferia dividir a vasilha de ração e água do Bê.
Passados um ano o Bê adoeceu e o veterinário diagnosticou um câncer de intestino.
- Infelizmente não adianta operar. Continuem tratar com carinho de Bê e quando ele estiver em uma fase terminal o que podemos fazer é sacrificá-lo para que o animalzinho não sofra (disse o Dr. Aquiles).
- E assim foi. Bê conseguiu viver mais um ano e meio sem maiores problemas (colostomizado), mas chegou o seu momento de sofrimento.
Já não saia mais de sua caixinha e tremia muito. GIBI (o gato), presenciando a dor de seu amigo Bê, entrou em sua caixinha lhe fez companhia e lhe esquentando parecia querer amenizar a dor daquele que o acolheu como irmão.
Passado alguns dias, a família não pode mais conviver com o sofrimento do cão e também do gato. Bê foi sacrificado.
Meses depois Dolly também morreu, pois estava velhinha.
Hoje restam Jully e GIBI. São amigos inseparáveis.
D. Ivone após verificar o amor de GIBI por Bê e pelas cadelinhas é a maior defensora e amiga do gato que lhe retribui com miados que parecem entender e retribuir os cuidados que ela lhe dispensa.
João hoje tem 12 anos, seu avô 60, sua avó 59 sua bisavó 85, seu tio 18, a cadelinha Jully 11 anos e GIBI ninguém sabe, pois ele já chegou adulto.
Entretanto todos sabem do exemplo de GIBI para com toda a família.
Não importa ser humano ou não. O amor, a compaixão e a amizade devem reinar em todos os lares.
O gato GIBI ainda deixa os exemplos de inteligência, perseverança, coragem e principalmente gratidão.