A família de Antônio possuía uma fazenda nos arredores de Lisboa, onde seu Martinho cultivava uma grande plantação de arroz. O menino gostava de ir à fazenda com o pai, porque lá, conversava com os peixinhos do rio e com os pássaros que estavam sempre soltos a cantar e também a comer arroz.
Certo dia, Martinho levou o filho e lhe deu a dura tarefa de vigiar o arroz. Precisava colher uma boa safra e os pássaros estavam estragando demais o legume. Já havia colocado um espantalho, mas os passarinhos descobriram que o espantalho ficava paradinho, com os braços abertos, imóveis, e nada lhes podia fazer.
Antônio precisava obedecer às ordens do pai, mas não queria deixar seus amigos com fome. Então combinou com a passarada: ora vocês comem, ora vocês não comem. Mas não estraguem nada, peguem só o que precisam para comer. A história espalhou-se pelas imediações e muitos pássaros vieram de longe, para também se alimentarem do arroz de seu Marinho.
O menino viu o pai aproximar-se do roçado. Temendo uma repreensão, chamou os passarinhos para conversarem com ele no galpão, uma espécie de paiol, onde o pai armazenava a colheita até transportá-la para a cidade. O paiol ainda estava vazio.
Os pássaros o seguiram. O menino abriu a porta, entrou e chamou os amiguinhos. Todos entraram e quando seu Martim chegou, os pássaros estavam trancados. Solte os passarinhos, disse o pai. O menino soltou, mas, nenhum deles foi para a roça de arroz, porque estavam com os papos bem cheinhos de comida.