Estávamos como toda manhã, passeando no Parque que ficava bem próximo de nossa casa.
Era um lugar muito amplo e com cachoeiras altas montadas nas pedras.
Mães passeavam com seus bebes, crianças andavam de bicicleta e alguns jogavam bola no gramado.
O Parque era rodeado por um Lago onde pessoas com suas crianças alimentavam os peixes com migalhas de pão.
Não era proibido e os peixes já vinham na direção da margem, pois sabiam que iriam receber petiscos.
Também eram alimentados com ração para peixes, e os patos na margem aproveitavam desta fartura.
Corriam atrás das pessoas também, pois andavam sempre com seus patinhos e temiam que os pegássemos.
Que dava vontade de pegar, ah isso dava mesmo.
Quando pequeninos eles são tão amarelinhos e muito engraçadinhos.
Passeando por ali foi quando me chamou a atenção uma senhora de cabelos muito brilhantes brancos expostos ao sol.
Sentada na grama e rodeada por crianças estava contando uma historia.
As crianças estavam de boca entreaberta prestando muita atenção. Fiquei curiosa e cheguei perto para ouvir.
Neste momento ela descrevia um outro lago de peixinhos é claro.
Assim falava: O lago não era muito profundo, mas os peixes eram muitos.
Todos os dias crianças e pessoas passavam por ali para ver e alimentar os peixinhos.
Estavam tão acostumados com as visitas que logo corriam para a margem.
As famílias de peixes que viviam ali eram grandes tinham muitos peixinhos.
Cada família morava num cantinho especial do lago. Em geral próximo das margens.
A água corria abundante por ali e era muito clarinha.
Bem, neste lago morava um peixe que era sonhador.
Sempre que podia pulava alto para poder ver bem como era lá fora.
Dizia aos seus amiguinhos e irmãos que um dia iria voar!
Todos riam dele e de suas estórias.
Como um peixe poderia voar?
Sair da água já seria muito perigoso mesmo diziam todos.
Porém o peixe que se chamava Vermelhinho sonhava o tempo todo em sair da água.
Via lá fora nas margens tantas crianças brincando alegres correndo e, queria fazer o mesmo.
De tanto pensar nisto acabou ficando triste e se afastou dos demais.
Percebendo tanta tristeza, seu pai o Vermelhão resolveu que deveria conversar com o filho.
Chegou-se para perto dele e o convidou para nadarem em volta do lago.
Vermelhinho aceitou, pois gostava muito de seu pai.
Nadaram bastante e depois pararam para um descanso.
É peixe também se cansa.
Foi então que seu pai perguntou-lhe porque andava tão tristinho?
No começo Vermelhinho tentou negar.
Não estou triste não papai.
Ora se esta, tenho certeza meu filho.
Conte para mim o que esta acontecendo!
Bem papai todos riem de mim por conta do que eu gostaria de fazer.
E o que você gostaria de fazer?
Não só nadar aqui no lago, mas ir até o gramado, correr por lá jogar bola andar de bicicleta tudo isso papai.
Porque não posso?
Meu querido filhinho, isto são coisas de humanos!
Sei papai, mas eles nadam no lago.
Sim, nadam, mas ficam quanto tempo debaixo da água?
Moram no lago por acaso?
Não, nós é que moramos.
A natureza nos fez assim os lagos são para os peixes e outros seres que podem viver debaixo da água.
Se você sair da água daqui debaixo vai durar somente alguns minutos...
Da mesma forma que te ensinei a não mordiscar aquelas guloseimas que nos oferecem muitas vezes.
Ah sei, presas nos anzóis...
Verdadeiras armadilhas meu filho.
Escute seu papai, viva dentro de seus limites, não fique inventando moda principalmente coisas desconhecidas que poderão acabar com você.
Veja dentro do seu lugar quantas coisas lindas e boas você pode fazer que outros não conseguiriam.
Cada um tem seu espaço seu modo de viver!
Voar é para pássaros ou aviões onde transportam humanos.
Se caírem na água, dependendo da situação acabam.
Procure as coisas boas da tua vida, sonhe com coisas dentro da tua realidade.
Aprenda que cada um é cada um!
Não existem iguais, nunca existiu.
É meu pai ouvindo tudo isso já acho que não é atoa que riram de mim.
Sonhar, desejar planejar tudo isto é muito bonito e bom, mas dentro de nossos limites terminou o Vermelhão.
Venha vamos dar mais uma volta quero te mostrar algumas coisas que você ainda não viu.
Você vai ver quanto existe ainda, aqui no teu mundo no teu lugar.
E assim os dois continuaram a passear pelo lago.
As crianças bateram palmas e a linda senhora sorriu satisfeita tendo certeza que havia ensinado uma boa lição para todos.
Voltei para casa cantarolando e feliz.
É peixe não canta, mas eu sou humano...
E o parque sempre estará lá com todos os seus segredos
Um abraço.
mbc