Número do Registro de Direito Autoral:133313113880364500
A MULHER DA CASA TORTA
Era uma casa tão torta
Mas que ao tempo resistia
E ninguém chegava à porta,
era a casa de Maria.
Janelas e portas tortas
da estranha construção
ervas secas, quase mortas,
em volta do casarão
quando dava ventania
Qual um filme de terror
tudo na casa rangia,
era só medo e pavor.
Havia um gato preto
Sempre a postos na janela,
Que atendia por “Graveto”
Com estranha miadela.
A coruja Theodora
Sempre junto ao caldeirão
Comia um rato por hora
Era a sua diversão.
Na casa torta os morcegos
encontraram o habitat
da velha tinham aconchego
nunca saiam de lá.
Até onde se sabia
Maria vivia só.
Dizem que ela se escondia
do sobrenome do Ó.
Se do nome não gostava
todos sabiam a razão.
Maria do Ó pensava
que o nome era palavrão
Na rua, a meninada,
Da velha não tinha dó,
Fazia até batucada:
_cadê Maria do Ó?
Maria do Ó zangada
com a vassoura na mão
botava a gurizada
pra correr do seu portão.
Mas numa noite enluarada
Na cidade muitos viram
Numa vassoura montada
Maria e os bichos sumiram.
Ninguém mais viu a Maria
Que na vassoura voou
Acabou sua agonia
Pois “befana”* ela virou.
*Befana é uma bruxa boa que na noite de reis (Epifania), sai distribuindo saquinhos de doces para as crianças que se comportam bem. Para aquelas que não se comportam, ela deixa um saco cheio de carvão.