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Infantil-->O burrinho -- 30/09/2013 - 01:11 (Brazílio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Queria um burrinho daqueles. Tê-lo, ou mesmo sê-lo, pois não me canso de

vê-los nas televisão quando mostram as ruas de Bagdá.

Pequenininhos, marronzinhos, mansinhos e, certamente bem burrinhos, vão

eles puxando umas carroças enormes, desproporcionais para o seu tamanho

asinino. E não parecem reclamar do peso que carregam, ou de alguma

chicotada que eventualmente levam. Ou, quiçá, duma bala perdida, que por lá,

tantas hoje há.

Montar num burrinho desses deve ser fácil, dada a sua altura - ou baixura -

mas será uma fofura, a sua cavalgadura? A primeira impressão que me fica é

de que, prum tipo mais alto, os pés hão de tocar no alfalto.

E é possível que tenha sido num burrinho desses que Jesus entrou triunfal em

Jerusalém naquele domingo de Ramos, saudado pelos mesmos locais que dias

depois, em meio à Paixão, iriam também aplaudir, sua crucificação.

Mas o burrinho presenciou e participou de outras cenas igualmente

memoráveis, tanto na manjedoura quanto na fuga para o Egito.

Isso no passado. Mais que perfeito. Nos dias de hoje, é bom que se segure, não

há paz que mais dure. E tirano ou texano que se ature.

E vai tudo pro lombo do burrinho, que pouco importa se as caminhonetes são

mais ligeiras, no fundo muito do que se carrega são besteiras. Ou eram, pois

com a sua liberação de tantos anos e séculos de tirania, pode o povo do Iraque

partir pro saque e carregar coisas de menos araque. Dos palácios presidenciais

nada sobra mais. E até o museu toda sua preciosidade já perdeu.

E o burrinho tem parte nisso. Trabalha incansavelmente sem distrações.

Naquela secura, sem grama a vista, vai ele seguindo a sua pista. Até se perder

de vista.
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