Eram do tipo maçã as bananas que íamos buscar na casa de Zeca. Um bom estirão de caminho, depois de chagarmos ao centro da cidade, quase todo ele feito sobre o capeamento do córrego que banhava a Velha Serrana. Levávamos um carrinho de mão e era um tal de unir obrigação com diversão.
Zeca vivia no bairro da Lavagem, a parte mais baixa da cidade, e trabalhava na fábrica de tecidos, assim como nossos pais. Lá na "fapa" eles acertavam os ponteiros, cobrando e pagando pelas bananas que buscávamos, já granadas, e que com poucos dias já ficavam maduras. E banana não faltava na nossa dieta. Chegavam às vezes até a ser demasiado pro nosso próprio consumo e a solução então era revendê-las na vizinhança.
A passagem pelo capeamento do córrego é que era a parte mais tranquila de nosso trajeto, e cobria uma extensão de uns 600 metros ou mais, serpenteando em curvas suaves.
Duma feita, numa desabalada carreira, ainda no centro da cidade, com o mano Cashi ainda dentro, avançamos o carrinho diante de um portão, na justa hora em que de lá saía uma caminhonete a toda velocidade. Por muito pouco o acidente foi evitado. Ou a caminhonete freou a tempo, ou nos recuamos no momento exato, de sorte que não houve a colisão entre o para-choques da caminhonete e o coité do mano Cashi, que teria seus cinco ou seis anos na época.