LEGENDAS |
(
* )-
Texto com Registro de Direito Autoral ) |
(
! )-
Texto com Comentários |
| |
|
Infantil-->Geada -- 13/11/2013 - 13:18 (Brazílio) |
|
|
| |
Os casaquinhos de flanela minoravam nosso frio. Mas o que nos abrasava a
imaginação eram as histórias de tia Vicentina, tecelã, que costumava nos pagear
pela noutinha, até que papai ou mamãe regressagem do segundo turno da fábrica.
E tia Vicentina centrava seus relatos na infância vivida na povoação da Onça -
outrora de denominação mais pomposa, cativante até - Jaguaruna - que não sei
por que cargas d´água, se destupinizara, assumindo o formato português. A Onça
ficava a légua e meia de nosso Brumado, povoado que se formara em torno da
fábrica de tecidos, mais conhecida como a companhia, ou mais popularmente, a
fapa.
O capítulo das geadas, contado, cantado e requentado, coincidia com os meses
em que o frio mais apertava, e fogueira pra todo lado pipocava. Tia Vicentina até
gostava de ser interrompida com nossas perguntas e nunca saía do seu script.
E o bom mesmo vinha quando ela saía da dureza da vida e botava o prato d´água
na soleira da janela do quarto, pra acordar no dia seguinte e poder contemplar
aquele conteúdo empedrado, durinho, que era a materialização da geada.
Que não acontecia igual todos os anos, mas quando vinha, além de "queimar"
as plantas e dizimar a criação, ao menos deixava o benefício de um gelinho pra
meninada se divertir, e chupando ir, a sorrir. Pouco importava se não tinha gosto,
tal a raridade da cristalização, em tempo e lugar em que geladeira não se podia
nem imaginar. Mas geada como tia Vicentina contava, por que é que pra nós nunca
chegava? |
|