Logo que o sol se punha, Soninha começava a visitar as crianças que moravam em todas as partes do mundo. Precisava tocar com sua varinha mágica na testa daquelas que, durante o dia assistiam a filmes de terror na tevê. As crianças muito pequeninas ainda não viam televisão, por isso, já estavam dormindo, quando Soninha chegava. Mas aquelas que viam os monstros da tevê... ah! essas estavam acordadas e não conseguiam dormir. Fechavam os olhos e os monstros apareciam fazendo travessuras em suas mentes...
Durma, Luanita, durma. Vou retirar os monstros dos teus olhos. Pode dormir agora. Eles já se foram — dizia a vovó para a netinha.
Ela dormia. Não sem antes reclamar: “Eles estão voltando, vovó! Os monstros estão em meus olhos e não me deixam dormir...” Ela cresceu e descobriu que tinha um sonho: escrever historinhas sem monstros. Histórias que ajudassem, realmente, na formação de crianças saudáveis, destemidas e livres da síndrome do medo... Então criou sua primeira história: Soninha, a fada do sono. A fada que fazia as crianças dormirem como um anjo, dizia:
“Sai, monstros, sai monstro da tevê das criancinhas...”
Vou retirar os monstros que passeiam em teus sonhos e jogá-los para um lugar bem longe, de onde jamais poderão voltar —concluiu Luanita — enquanto colocava sua netinha para dormir. E assim, foi necessário que se passassem muitas gerações, até que os monstros não mais fossem exibidos em programas infantis.
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